letras, sons, imagens -- revolução & conservação -- ironia & sarcasmo -- humor mau e bom -- continua preguiçoso
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Jan 07
publicado por RAA, às 23:21link do post | comentar
Olha-me a estante em cada livro que olha.
Pedro Kilkerry

publicado por RAA, às 16:31link do post | comentar
Na doutrina e na prática, a revista demonstrou-o ao longo de treze anos de existência. As suas páginas receberam poesia e prosa do grupo de Orpheu, do de A Águia, dos neo-realistas, de autores que viriam a agrupar-se nos Cadernos de Poesia: de Fernando Pessoa e de Tomás Kim, de Afonso Duarte e de João José Cochofel -- para além de tantos outros que faziam o seu percurso mais solitariamente, como sucedeu com o nacionalista João de Castro Osório e o internacionalista José Gomes Ferreira. Por vezes havia uma nota redactorial que avisava quantos pudessem estranhar a inclusão de nomes mais polémicos pelas posições políticas próprias, que estas eram irrelevantes para a presença; o que interessava à revista era o material literário publicado.
Ingenuidade? Obstinação? Talvez tudo isso em conjunto. Com a turbulência política europeia restava pouco espaço para a lucidez ante o inferno que se aproximava, convocando muitos escritores a tomar uma posição, não apenas enquanto cidadãos, mas inclusivamente nas próprias obras.
«Vai / pelo boulevard iluminado / pelos caminhos traçados / pelas velhas caravanas / do tempo dos Ramsés... / ...Mas deixa / que eu arrisque a minha vida / nas encruzilhadas escuras / dos bairros criminais.» (28)
Era eloquente a amarga declaração de Régio, num extraordinário ensaio publicado em 1940, quando não havia espaço para se manter, enquanto artista, acima ou à margem do prélio político:
«[...] não me contentarei com dizer que não faço o mínimo empenho em ser do meu tempo. Antes direi que me sinto honrado com me opor a ele; e que não me perturbam as vulgares habilidadezinhas com que se pretende desautorizar quaisquer afirmações da consciência livre (tão livre quão possível), em nome duma sujeição ao colectivo que seria, a generalizar-se, um verdadeiro flagelo para a colectividade.» (29)
(28) Joaquim NAMORADO, «Navegação à vela», presença, n.º 51, Coimbra, Março de 1938, p. 12.
(29) José RÉGIO, Em Torno da Expressão Artística, Lisboa, Editorial Inquérito, s.d., pp. 8-9.
(continua)

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