Passo os olhos pelos telejornais e vejo um alinhamento inane no da RTP1: ao Iraque segue-se a ambulância de Arcozelo, mais o fogo-posto em Macinhata que antecede o alarme do Dow Jones. O da RTP2, depois que liquidaram o interessante projecto de Henrique Garcia (síntese do dia, seguido de tema de desenvolvimento com entrevista), está remetido à irrelevância do seu formato e das suas apresentadoras. Os da RTPN, pese embora o profissionalismo de Ana Fonseca, não descola do pecado original daquela informação do Monte da Virgem, que aos vinte minutos já está a tratar das transferências futebolísticas. Paupérrimo. Depois há o da tvi, que nem sei como é. Quando, à terça, me lembro de Miguel Sousa Tavares, oiço-o, sempre com interesse, faço outra coisa nos intervalos e quando ele acaba desando, que não tenho pachorra para as duas jarrinhas que o pontuam (do Peres Metelo, esqueço-me sempre...). Resta a sic, a negregada sic, com o refocilar na lama das desgraças alheias. E o pior, é que fazem aquilo por puro arrebanhar de audiências, com ar tristonho, cabisbaixo, resignado; sem o entusiasmo grunho da tvi, que julga estar a informar, tal como pensava que podia dar (e deu) notícias do big brother no seu simulacro de telejornal. Mas o que me compunge verdadeiramente é aquela prosápia de grande jornalismo a que a sic-notícias deita mão, para depois se ficar por mais umas mortes no ip3, nas criancinhas maltratadas, nos doentinhos miseráveis. Não fora o Mário Crespo no jornal das 9 (quem (me) diria!?), e não haveria nada apresentável em serviço diário noticioso nos canais portugueses. Mas eu a essa hora estou a jantar, e não vejo televisão.