letras, sons, imagens -- revolução & conservação -- ironia & sarcasmo -- humor mau e bom -- continua preguiçoso
30
Set 07
publicado por RAA, às 17:05link do post | comentar
PELAS LANDES, À NOITE

Pelas landes e pelas dunas
Andam os magros como pregos,
Os lobos magros como pregos,
Pelas landes e pelas dunas.

Olhos de fósforo, esfaimados,
Numa pavorosa alcateia,
Andam, andam buscando ceia,
Olhos de fósforo, esfaimados.

Nas landes grandes, junto às dunas,
Um menino perdido anda,
Anda perdido, a chorar anda,
Nas landes, junto às brunas dunas.

Senhor Deus de Misericórdia,
Protegei o róseo menino,
Protegei o róseo menino,
Senhor Deus de Misericórdia.

Porque nas landes e nas dunas
Andam os magros como pregos,
Os lobos magros como pregos,
Nas grandes landes e nas dunas.


Poesia da Noite
(ediçãop de Urbano Tavares Rodrigues)

publicado por RAA, às 16:35link do post | comentar






29
Set 07
publicado por RAA, às 19:19link do post | comentar
Henri de Toulouse-Lautrec, Divan Japonais
Colecção particular, algures


publicado por RAA, às 16:35link do post | comentar
[...] Félix de Sousa pagava fortunas aos fradinhos de São Coscurão, o Mandrião, o primeiro escravo alforriado a tornar-se santo, para que mantivessem um eremitério na praia de Ajudá, estes iam e vinham entre São Paulo de Luanda, São Tomé e os entrepostos da Costa dos Escravos, baptizando pretos por atacado, faziam o sinal da cruz e rezavam um pai nosso em latim, os escravos iam-se enfileirando, a cada um o frade soletrava-lhe o nome cristão, tu chamas-te Pedro, como o primeiro apóstolo, tu passas a chamar-te Tiago, irmão do Senhor, tu Madalena, a senhora do Senhor, mim Mimba, reclamava um dos escravos, não és, já foste, agora és João, o amigo do Senhor, mim ser Mimba, rerreclamava o escravo, e o feitor, ao lado do frade de São Coscurão, espetava-lhe um murro entre os olhos, és João e mais nada, e continuava, João, ouviste?, nada de Mimbas e Pimbas, o preto-língua calmava o capataz, que já alçara a botarra para desferir uma pontapezada entre as costelas do João, este anuía, mim ser Joau, o língua rectificava, não Joau, João, certo é João [...]

O Último Negreiro
(foto: Nuno Fox)

publicado por RAA, às 15:52link do post | comentar


28
Set 07
publicado por RAA, às 19:54link do post | comentar
Não me apetece falar do grande Santana (mas que bem feito!), nem duma ridícula criatura minha homónima.
Não me apetece falar dos Police no Estádio Nacional (gostei mais dos Fiction Plane...), nem do revivalismo cretino dos meus coetâneos.
Não me apetece falar dos dias da Birmânia. Mas devia.

publicado por RAA, às 19:42link do post | comentar


27
Set 07
publicado por RAA, às 20:01link do post | comentar | ver comentários (3)
CONSELHO

Sê paciente; espera
que a palavra amadureça
e se desprenda como um fruto
ao passar o vento que a mereça.


Os Amantes sem Dinheiro

publicado por RAA, às 19:59link do post | comentar

26
Set 07
publicado por RAA, às 22:17link do post | comentar
O que mais me assusta na morte é a grande morte depois dela, essa imensidão de vazio a encher o nada.
O Destino Velado

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