letras, sons, imagens -- revolução & conservação -- ironia & sarcasmo -- humor mau e bom -- continua preguiçoso
31
Mar 08
publicado por RAA, às 23:53link do post | comentar
Edvard Munch, Noite de Verão (Inger à Beira-Mar)
Colecção Rasmus Meyer, Bergen

publicado por RAA, às 22:43link do post | comentar
O homem -- não o homem que Deus fez, mas o homem que a sociedade tem contrafeito, apertando e forçando em seus moldes de ferro aquela pasta de limo que no paraíso terreal se afeiçoara à imagem da divindade --, o homem, assim aleijado como nós o conhecemos, é o animal mais absurdo, o mais disparatado e incongruente que habita na Terra.


Viagens na Minha Terra

publicado por RAA, às 22:23link do post | comentar

30
Mar 08
publicado por RAA, às 22:45link do post | comentar
esta semana n'O Vale do Riff

publicado por RAA, às 16:42link do post | comentar | ver comentários (5)
Por ocasião da recente visita do Dalai Lama a Portugal, deparei-me com um argumento extraordinário, aduzido por algumas pessoas que pretenderam justificar o aflito jogo de escondidas das nossas autoridades perante o líder espiritual dos tibetanos e chefe de Estado no exílio: a de que o Tibete, à data da invasão chinesa era uma teocracia, um estado "feudal" em que o povo pobre sustentava uma classe sacerdotal ociosa. Esse argumento fez-se agora ouvir de novo, a propósito dos acontecimentos em Lhassa. E, muito curiosamente, muitas dessas vozes vinham da "esquerda".
«Então e depois?», pergunto eu, sabendo que de facto assim era, que o progresso material introduzido pela China é indesmentível, provavelmente superior até àquele que Suharto promoveu em Timor-Leste, à custa do extermínio de um terço da população.
Dizer que o actual Dalai Lama era um jovem soberano confinado ao Palácio do Potala, com meios rudimentares para se aperceber do mundo em que vivia e sem o altíssimo brilho de estadista que hoje detém, nem sequer é argumento. O princípio essencial aqui é o da autodeterminação dos povos, este é o velho princípio que política e eticamente deve contar. O que me parece inaceitável naquele argumento perverso é o de que o desenvolvimento dos povos possa ser feito contra esses mesmos povos.
Por outro lado, alguns dos que adoptam esse ponto de vista indulgente para com os chineses, estiveram -- e muito bem -- contra a ocupação de Timor. Mais: estiveram contra Salazar e Caetano na guerra colonial, injusta, imoral e pérfida... Para esses, portanto, libertação dos povos só quando convém ou se encaixa na percepção formatada da realidade. É o caso das risíveis declarações justificadoras de Jerónimo de Sousa -- aliás, personagem com a qual simpatizo --, muito preocupado com as dificuldades levantadas à China e aos seus Jogos Olímpicos, e logo numa sessão de denúncia da criminosa guerra do Iraque. Curioso caso de indignação à medida das conveniências... O que Jerónimo não diz, porque não quer, é que os tibetanos aproveitam os holofotes da mediatização para se livrarem do jugo chinês, jugo esse que lhes trouxe muitas estradas, muitos automóveis, muitos benefícios do progresso, mas sob a pata opressora do ocupante.
Haverá luta mais legítima?

publicado por RAA, às 16:12link do post | comentar

29
Mar 08
publicado por RAA, às 23:34link do post | comentar
capa de Roberto Nobre para o seu livro Horizontes de Cinema
Guimarães & C.ª-Editores, Lisboa, 1939

publicado por RAA, às 23:29link do post | comentar | ver comentários (2)
OH AS CASAS AS CASAS AS CASAS

Oh as casas as casas as casas
as casas nascem vivem e morrem
Enquanto vivas distinguem-se umas das outras
distinguem-se designadamente pelo cheiro
variam até de sala pra sala
As casas que eu fazia em pequeno
onde estarei eu hoje em pequeno?
Onde estarei aliás eu dos versos daqui a pouco?
Terei eu casa onde reter tudo isto
ou serei sempre somente esta instabilidade?
As casas essas parecem estáveis
mas são tão frágeis as pobres casas
Oh as casas as casas as casas
mudas testemunhas da vida
elas morrem não só ao ser demolidas
elas morrem com a morte das pessoas
As casas de fora olham-nos pelas janelas
Não sabem nada de casas os construtores
os senhorios os procuradores
Os ricos vivem nos seus palácios
mas a casa dos pobres é todo o mundo
os pobres sim têm o conhecimento das casas
os pobres esses conhecem tudo
Eu amei as casas os recantos das casas
Visitei casas apalpei casas
Só as casas explicam que exista
uma palavra como intimidade
Sem casas não haveria ruas
as ruas onde passamos pelos outros
mas passamos principalmente por nós
Na casa nasci e hei-de morrer
na casa sofri convivi amei
na casa atravessei as estações
respirei -- ó vida simples problema de respiração
Oh as casas as casas as casas

Homem de Palavra[s] / Obra Poética I

publicado por RAA, às 23:27link do post | comentar
Houses live and die: there is a time for building / And a time for living and for generation / And a time for the wind to break the loosened pane
T. S. Eliot

28
Mar 08
publicado por RAA, às 22:38link do post | comentar

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