letras, sons, imagens -- revolução & conservação -- ironia & sarcasmo -- humor mau e bom -- continua preguiçoso
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Out 12
publicado por RAA, às 15:29link do post | comentar | ver comentários (2)

Tenho visto algumas perplexidades relativamente à atribuição do Prémio Nobel da Paz à União Europeia. Muitas vezes acompanhadas de imagens eloquentes de cargas policiais ou referentes à situação terrível por que passam os países intervencionados pela troika.

A verdade é que a Academia Norueguesa, ao tomar a decisão, não esteve a pensar em Merkel, Passos Coelho ou Durão Barroso, como é óbvio (como de resto não pensaria em Willy Brandt, Wilfried Martens ou Jacques Delors, nomes muito mais simpáticos).

 

O que o Nobel pretendeu distinguir foi uma ideia, velha ideia, secular ideia de concórdia e paz universal entre os estados. Nunca na história da humanidade se foi tão longe numa integração pacífica entre nações, tantas delas desavindas por centenas de anos de guerra, miséria e morte. É a grande utopia a desenrolar-se diante dos nossos olhos e a decorrer durante as nossas vidas. Como todas as utopias terá, tem, efeitos perversos -- muito menos, incomparavelmente menos, porém, que todas as utopias que foram postas em prática ao longo dos tempos  -- desde logo a utopia comunista bolchevique, ainda bem fresca na nossa memória, rapidamente transformada na distopia do gulag, no universo concentracionário do 1984, de Orwell...

 

Quando os noruegueses (que nem sequer integram a UE) vêm distinguir com o prestígio do Nobel uma ideia, um projecto, uma utopia, num momento em que ela passa por grandes dificuldades -- talvez a maior crise da sua curta história --, esta foi sem dúvida a melhor altura para o fazer, apanhando toda a gente desprevenida. O que eles demonstraram ao mundo foi, enfim, a sua lucidez, a sua sabedoria.


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