Politicamente, estou muito mais próximo do CDS do que de outras forças políticas à esquerda, em que me reconheço. Basta o CDS ser um partido liberal. O seu conservadorismo nos costumes também não me causa mossa: os costumes estão na esfera da liberdade individual que cabe a cada um. Não voto no CDS basicamente por duas razões: o seu discurso aparentemente social cristão é falso. O CDS é um partido de classe, exactamente como o é o PCP; e, dada a sua pequena dimensão, nunca conseguirá libertar-se do nicho de interesses que efectivamente representa. O alarde que Portas faz das preocupações sociais do partido, se forem entendidas de forma benigna, não são mais do que uma perspectiva caritativa e esmoler dos pobrezinhos; se quiser ser mais severo, diria que me faz lembrar os beatos falsos, que andam sempre com nosso senhor na boca, desdizendo-se à primeira oportunidade. Talvez fosse bom para o país que o CDS fosse a segunda força política, obrigando-se assim a libertar-se dos casulos em que se encerra.