Hoje é dia de eu estar
ao lado de uma sombra sossegada
enquanto um vento brando me desbrava
os campos que nunca consegui lavrar.
Hoje, porquê? Por dia de pensar
nos passos de minha mãe altiva e nobre
com a sua bengala de andar
uma velhice tão triste como pobre?
Dia de São-Ninguém, dizem os fados,
dia de quase todos os finados
com tabuletas às portas dos jardins.
Dia de saber que isto é assim:
uns quantos loucos, uns desafinados
no concerto geral que diz que sim.
Odelegias