letras, sons, imagens -- revolução & conservação -- ironia & sarcasmo -- humor mau e bom -- continua preguiçoso
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Mai 05
publicado por RAA, às 16:49link do post | comentar
ARDE UM FULGOR EXTINTO

Arde um fulgor extinto
no longe da tarde agoniada.
Não me pesaria tanto
a caminhada se, em lugar do dia,
no seu extremo achasse a noite.

Exacta e concisa é a claridade.
Não mente à luz o que a noite
ilude. Terrível destino
o de quem é nocturno à luz solar.

Não vos ponha em cuidado,
porém, este meu penar:

são palavras e não sangram.

Mangas Verdes com Sal / Obra Poética

publicado por RAA, às 02:55link do post | comentar
O jovem desaparecera por uma porta ao fundo, que rangera empenada. A velha adormecera encostada à mesa. Junto à máquina de costura, voltada agora para a luz, a outra mulher costurava em silêncio. André não conseguia distinguir-lhe o rosto. Apagada na sombra do lenço, só de quando em quando lhe dava com os olhos a luzir na sua direcção, para logo fugirem de novo. Retinha a ideia do rosto da mulher desfigurado pela cólera e sentia o vago desagrado de estar a seroar com uma megera. Apenas as mãos da mulher o surpreendiam. Eram umas mãos mimosas e claras, cujos dedos se moviam, despertos e hábeis, na costura.
Cinco Dias, Cinco Noites

publicado por RAA, às 02:44link do post | comentar
Aliás, Álvaro Cunhal Posted by Hello

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