letras, sons, imagens -- revolução & conservação -- ironia & sarcasmo -- humor mau e bom -- continua preguiçoso
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Jul 05
publicado por RAA, às 03:00link do post | comentar
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publicado por RAA, às 02:41link do post | comentar
Adivinhava-se a luta desesperada de caules e ramos, ali onde dificilmente se encontrava um palmo de chão que não alimentasse vida triunfante. A selva dominava tudo. Não era o segundo reino, era o primeiro em força e categoria, tudo abandonando a um plano secundário. E o homem, simples transeunte no flanco do enigma, via-se obrigado a entregar o seu destino àquele despotismo. O animal esfrangalhava-se no império vegetal e, para ter alguma voz na solidão reinante, forçoso se lhe tornava vestir a pele de fera. [...]
Cap. V, 32ª ed., p. 106.
Nota: selva metafórica e selva literal, em ambas presente a necessidade vital de superação, na «luta desesperada de caules e ramos».

publicado por RAA, às 02:27link do post | comentar
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publicado por RAA, às 02:22link do post | comentar
Setenta mil pessoas da região do Ceará que, por causa de uma seca repentina, têm de abandonar os seus domínios, são engajadas ou, falando-se com mais sinceridade, compradas pelas companhias, e de Belém enviadas rio acima, em embarcações, para aqueles ermos. É que vai começar um terrível sistema de exploração naquelas regiões, que distam tanto das leis e da vigilância quanto outrora os vales auríferos de Minas Gerais. Embora não sejam escravos, esses seringueiros praticamente são mantidos em escravidão, por contratos de trabalho e pelo facto de os empresários, ainda não satisfeitos com o lucro obtido na borracha, venderem a esses infelizes trabalhadores, presos no «cárcere verde» da floresta virgem, os artigos e os víveres de que eles precisam, por preços quatro a cinco vezes superiores ao seu valor. Quem quiser conhecer todos os pormenores do horror desse período, leia o admirável romance de Ferreira de Castro, que, com grandioso realismo, descreve essa vergonhosa época.
Brasil, País do Futuro
(tradução de Oldilon Galotti)

publicado por RAA, às 02:01link do post | comentar
Quando o seringueiro tinha «saldo», vendia-lhe tudo quanto ele desejasse; fosse loucura rematada ou objecto inútil [...]. Mas se o trabalhador, por curta estada ali, por doença ou preguiça não conseguira solver a dívida inicial, que rebentasse de fome, pescasse ou caçasse, pois não lhe forneceria nada para além do valor da sua produção. «De sem-vergonhas que tinham morrido antes de liquidar o débito ou que fugiram como cães, sem que ninguém os apanhasse, havia largo cadastro no seringal, a demonstrar quanto eram perigosas as transigências impostas por dó do coração.»
[...]
Mas com os «brabos», ignorantes do que era e não era indispensável, Juca Tristão procedia de maneira diferente. Ele próprio organizava a lista do aviamento: o boião a defumar, a bacia para o látex, o galão, o machadinho, as tigelinhas de folha, todos os utensílios que a extracção da borracha exigia -- e mais um quilo de pirarucu e uns litros de farinha, pois nos primeiros dias nunca um «brabo» sabe como se caça a paca e a cotia ou se pesca o tambaqui.
Aquele era sempre o «talão grande», ao qual se juntavam posteriormente as despesas da viagem e mais empréstimos que prendiam por muitos anos ao seringal, em trabalho de pagamento, o sertanejo ingénuo.
Alberto viu-se com o seu na mão -- setecentos e vinte-mil réis parcelados por seis ou oito linhas -- e depois sobre o balcão, meia dúzia de coisas que lhe pareceram não valer um pataco. [...]
Cap. IV, 32ª ed., pp. 91.92.
Nota: Chamo a atenção para o que escreveu sobre isto Stefan Zweig, um ou dois posts acima.

publicado por RAA, às 01:34link do post | comentar
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publicado por RAA, às 01:27link do post | comentar | ver comentários (4)
Nesta Quaresma, em Paris, na Madalena, igreja rica de burguesia rica, o ardente pregador dos dominicanos, o padre Didon, exclamava com santa cólera: -- «Quando vejo uma criancinha em farrapos, que chora com fome, odeio, como Jesus, meu amo, e como Ele amaldiçoo todos os repletos e todos os fartos!» E na nave da rica igreja, atulhada de repletos e de fartos, passou um longo frémito, como se, ante os farrapos e os choros da fome evocados, todos os corações concorressem no ódio e na maldição do nobre dominicano! Daí a dias Ravachol lançava a sua segunda bomba. E entre todos os repletos e todos os fartos foi grande o temor e grande a grita... Temor de quê, -- de Ravachol? Não. Temor da emoção que, na Madalena, os impelira a compartilhar a maldição do padre Didon, que, no seu púlpito e sob o seu hábito, era já Ravachol -- menos a irracionalidade e menos a nitroglicerina.
Primeiro de Maio
(edição de A. Campos Matos)

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