Hoje reli a Descida aos Infernos, do Carlos de Oliveira, quinze ou vinte anos depois. Estafado mas gratificado, após esses minutos de leitura e releitura. A tensão da escrita é para muitos autores -- e certamente foi-o para Oliveira -- uma tensão existencial. Benditos os poetas que assim se dão à partilha.
letras, sons, imagens -- revolução & conservação -- ironia & sarcasmo -- humor mau e bom -- continua preguiçoso
05
Ago 05
ÍNTIMO NATAL
Nunca o Natal me aturdira
com tão grande maravilha
Ó perspectiva de vida
que à vida me sobreviva
Um neto ou neta respira
no ventre de minha filha
Nunca o Natal me aturdira
com tão grande maravilha
Ó perspectiva de vida
que à vida me sobreviva
Um neto ou neta respira
no ventre de minha filha
1978.
Cancioneiro de Natal / Antologia Poética
04
Ago 05
Preferi viver meses, anos, séculos, ao lado de mim mesmo, misterioso, à espera... Porque em Arte, meus queridos amigos e inimigos, esperar é criar.
A Memória das Palavras I ou o Gosto de Falar de Mim
03
Ago 05
CANÇÃO DO VELADO DESESPERO
Não saiba a luz trazer de longe
Os meus fantasmas um por um
Não bem remorsos mas destroços
Mas interrupções da vida viva
Não saiba a luz trazer da morte
O que matei dentro de mim
O fio fino mas possante
Que me afastou do paraíso
Meus braços cegos como Eros
Ninguém os venha complicar
A solidão tenha a coragem
De nunca mais me abandonar
Não saiba a luz trazer de longe
Os meus fantasmas um por um
Não bem remorsos mas destroços
Mas interrupções da vida viva
Não saiba a luz trazer da morte
O que matei dentro de mim
O fio fino mas possante
Que me afastou do paraíso
Meus braços cegos como Eros
Ninguém os venha complicar
A solidão tenha a coragem
De nunca mais me abandonar
22-10-1964
Oferenda II
02
Ago 05
01
Ago 05
ELLA
Esta voz
-- confia --
faz da noite
o tesouro do dia
Dez Andamentos
Esta voz
-- confia --
faz da noite
o tesouro do dia
Dez Andamentos
