letras, sons, imagens -- revolução & conservação -- ironia & sarcasmo -- humor mau e bom -- continua preguiçoso
07
Dez 05
publicado por RAA, às 20:47link do post | comentar

publicado por RAA, às 02:01link do post | comentar | ver comentários (6)
Posted by Picasa*tvi
É só para dizer que o debate ontem correu muito bem, a ambos. Sereno e elegante para com Cavaco, político na acepção mais elevada, Alegre tem à esquerda os seus reais adversários. Terá de arrumar com Soares, evidenciando como a candidatura deste é politicamente aberrante num estado moderno e europeu; provavelmente, até ao dia do debate o próprio Soares já terá percebido que o país há muito perdeu a pachorra para gramar outra vez a sua magistratura de influência. Chega. Alegre terá também que pôr Jerónimo no sítio e, se for preciso, perguntar-lhe onde estava antes do 25 de Abril, para ver se o diligente secretário-geral, que anda há um ano a pastorear o rebanho, encaixa; e finalmente mostrar que Louçã é um produto marginal e suburbano, uma espécie de irritação cutânea, por enquanto nada de muito sério que não passe com uma pomada bem aplicada. Uma palavra para Cavaco: terá sempre as suas insuficiências, como todos nós, mas em dez anos ganhou um estofo visível de estadista. Eu também dormirei tranquilo se Cavaco for eleito. Mas, para já, estou com o Manuel Alegre.

06
Dez 05
publicado por RAA, às 23:16link do post | comentar
Sacarrolha

Nesta quadra do Natal, era hábito irmos ao circo do Coliseu, e lá surgia a inevitável parelha de palhaço rico e palhaço pobre, com aquela fala arrevesada que os caracteriza(va) e que nunca me cativou. O palhaço de carne e osso que mais me deslumbrava, e de que guardo uma terna memória televisiva, era um (já então) velhote suíço que tocava guitarra e uivava para a lua. Foi aliás na televisão que me apareceram uns desenhos animados de um palhaço, desta vez sem sotaques postiços, mas estranhamente dobrado em francês, chamado Bozo le clown. Eu, que sempre gostei do francês e da sua sonoridade, perdia a paciência com estes cartoons de Hollywood, que alguém na RTP encomendara assim defeituosos. Mas o meu palhaço foi sempre o Sacarrolha, o maior (e único) clown do Grande Circo Kabum. Criação do italiano Primaggio Mantovi, desde criança radicado no Brasil, Sacarrolha chegou-me a casa um belo sábado ao fim da manhã, aí por 1971/72, pelas mãos da minha Mãe, numa revistinha brasileira de papel de jornal publicada pela Rio Gráfica Editora. Custava 3$00 e eu já mandei encadernar todos os exemplares. É pura magia infantil. Acho que o Brasil deveria redescobri-lo, e à sua troupe circense.

05
Dez 05
publicado por RAA, às 19:51link do post | comentar
Ui, o signo do fogo! Ui, o fogo, asch! Ui, Adonai! Asch, que é o fogo em hebraico, dá Aschen, em alemão. Que são as cinzas, as cinzas dos mortos. Ui e haschich vem daí, verosimilmente. Que será o bom sono. Ui, o signo do fogo. Asch, Aschen, haschich e assassino que, já me esquecia, vem também daí. Ui, Ui! Asch, aschen, haschich, assassino, ui, Adonai, Adonai!
«A separação da sombra», O Rei Lua
(tradução de José Carlos Rodrigues)

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04
Dez 05
publicado por RAA, às 16:10link do post | comentar
OITAVO POEMA DO PESCADOR

Eu pescador que pesco por um instinto antigo
e procuro não sei se o peixe se o desconhecido
e lanço e recolho a linha e tantas vezes digo
sem o saber o nome proibido.

Eu que de cana em punho escrevo o inesperado
e leio na corrente o poema de Heraclito
ou talvez o segredo irrevelado
que nunca em nenhum livro será escrito.

Eu pescador que tantas vezes faço
a mim mesmo a pergunta de Elsenor
e quais águas que passam sei que passo
sem saber a resposta. Eu pescador.

Ou pecador que junto ao mar me purifico
lançando e recolhendo a linha e olhando alerta
o infinito e o finito e tantas vezes fico
como o último homem na praia deserta.

Eu pescador de cana e de caneta
que busco o peixe o verso o número revelador
e tantas vezes sou o último do planeta
de pé a perguntar. Eu pescador.

Eu pecador que nunca me confesso
senão pescando o que se vê e não se vê
e mais que peixe quero aquele verso
que me responda ao quando ao quem ao quê.

Eu pescador que trago em mim as tábuas
da lua e das marés e o último rumor
de um nome que alguém escreve sobre as águas
e nunca se repete. Eu pescador.

Lisboa, 26.12.96

publicado por RAA, às 16:08link do post | comentar | ver comentários (4)






















publicado por RAA, às 02:43link do post | comentar
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Chuck Berry

03
Dez 05
publicado por RAA, às 20:52link do post | comentar
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publicado por RAA, às 20:46link do post | comentar
Meu Irmão do meu Coração.
Huma das grandes utilidades publicas que trazem comsigo as Companhias de Comercio he a de regularem as quantidades das mercadorias, que devem introduzir, de sorte que tenham huma respectiva proporção, com o consumo dos Paízes onde as taes mercadorias devem ser transportadas: Por que da falta desta justa proporção se segue necessariamente a ruina do Comercio dos Mercadores Nacionaes, e a do Reyno em beneficio dos Mercadores, e dos Paizes Estrangeiros.
A razão he por que, comprando os particulares nacionaes sem regra nem medida tudo quanto lhe querem fiar os Estrangeiros, introduzem de modo ordinario em hum anno Fazendas que necessitam de tres annos p.ª se consumirem. Ora como a esta redundancia se vão acomulando annualmente as outras fazendas, que transportam as Frotas, e os Navios de Licença: Daqui se segue por que não podem vender com lucro, antes lhe he precizo fazello com perda em tanta redundancia: E se segue pela outra parte que os Mercadores Estrangeiros engrossam m.to mais do que deviam engrossar; vendendo de mais aos Particulares todas as fazendas superfluas, que certamente não compra a Companhia; e exhaurindo o cabedal do Reyno em forma que se delle havião de extrahir Hum milhão em dinheiro para lhe venderem o necessario, extrahem mais Dous milhões do que vendem para ficar superfluo, empachando as Logens da America Portugueza.
Para se regular pois a Companhia que S. Mag.e acaba de estabelecer em forma que evite aquelles graves damnos, He o mesmo Senhor servido que mandeis franquear aos Caixas da mesma Companhia nas duas Alfandegas do Grão Pará, e Maranhão, todos os Livros de Abertura para delles tirarem as rellações das Fazendas q. foram para esse Estado pella ultima Frota fazendo tudo o que vos for possivel por que nas mesmas rellações se incluam por hum verosimil arbitrio todas as fazendas, que costumam entrar sem pagarem Direitos com a distinção das suas quantidades, e qualidades debaixo da proporção poco mais, ou menos.
Tambem S. Mag.e manda recomendarvos q o Avizo que deve levar esta seja reexpedido com toda a brevidade, que couber no possivel.
E Eu torno a offerecerme para servirvos com o mayor affecto.
Deus vos G.de m.tos an s
Belleem a. 4. de Agosto de 1755
Irmão m.to am.te vosso
Seb.m Jozeph
In Fritz Hoppe, A África Oriental Portuguesa no Tempo do Marquês de Pombal -- 1750-1777

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