letras, sons, imagens -- revolução & conservação -- ironia & sarcasmo -- humor mau e bom -- continua preguiçoso
31
Jan 06
publicado por RAA, às 20:05link do post | comentar | ver comentários (4)
À TUA ESPERA

Tranquila e serena
a nossa casa
nos quatro cantos
o sol do meio-dia

à tua espera alegre
e descansada
injecto-me de amor às
escondidas

Sobre a garganta passo
os dedos espessos
e a roupa uma a uma
vai caindo

para que então amor
com os teus dedos
quando vieres me vás
depois vestindo

Candelabro / Poesia Completa - 1

publicado por RAA, às 20:04link do post | comentar

30
Jan 06
publicado por RAA, às 23:52link do post | comentar
Posted by Picasa

publicado por RAA, às 23:50link do post | comentar
Acontece-me estabelecer um paralelismo, muito pessoal e sem nenhum rigor, quando oiço ou penso em Sidney Bechet -- crioulo de Nova Orleães, figura cimeira das primeiras décadas do jazz, como músico principal ou acompanhante (no sax soprano ou no clarinete) e compositor (Petite Fleur é um tema conhecido em todo o mundo). Quando oiço Bechet, lembro-me de... Haydn, desse outro compositor de excepção, austríaco e cerca de século e meio mais antigo, com as suas cento e algumas sinfonias, além de muitas outras obras, das sonatas aos quartetos, concertos e oratórias.
Para nosso bem, mas póstuma desvantagem (?) sua, Haydn e Bechet foram, respectivamente, contemporâneos de Mozart e Armstrong.
E como as genealogias em arte se constroem (im)pacientemente, sem que se saiba quando o génio toca algum dos rebentos nos ramos das suas árvores, eis que um discípulo directo de Haydn surge e, milagre!, é dos poucos escolhidos que em toda a história da música conseguirá ombrear com Amadeus: Beethoven.
No jazz as coisas então passavam-se de modo diferente, a transmissão de conhecimento era informal nas academias dos pobres. Teve Bechet o seu Beethoven no mundo da música improvisada afro-americana? Se ele for o Haydn de Armstrong, quem terá sido o seu Beethoven? Coltrane?

publicado por RAA, às 23:40link do post | comentar
Posted by Picasa

publicado por RAA, às 00:12link do post | comentar
Sir Joshua Reynolds, Nelly O' Brien
Wallace Collection, Londres

29
Jan 06
publicado por RAA, às 19:17link do post | comentar

publicado por RAA, às 19:16link do post | comentar | ver comentários (4)
Lisboa, 2 de Janeiro de 1900
Caro Poeta
Ha já alguns dias que recebi o seu primeiro livro de poesias -- Algas -- tendo é certo lido logo e immediatamente. Leio sempre com curiosidades diversas as composições poéticas que me cáem debaixo dos olhos; quando não acho conhecimento de fórma, appéllo para a originalidade ou novidade da idéa; quando falha qualquer d'estes aspectos procuro ainda descobrir o temperamento ou organização do Poeta, que às vezes póde estar abafado pelas correntes batidas de um gosto dominante que o prejudique.
Só no fim d'este inquerito é que deixo o livro ou a composição poetica. O seu livro das Algas tambem passou por este crivo; ha alli conhecimento das fórmas, e ha temperamento poetico; e é muito, e por isso que promette largas esperanças é que não é já tudo. Para ir mais longe é questão da edade, que lhe hade dar o contacto da realidade da vida, e de uma philosophia que dê ao seu espirito a visão universal.
Felicita-o com um abraço o seu
admirador e am.º At.º
Theophilo Braga
T. S. Gertrudes, nº. 70.
Cartas a João de Barros
(edição de Manuela de Azevedo)

28
Jan 06
publicado por RAA, às 20:26link do post | comentar
Bob Dylan
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publicado por RAA, às 15:18link do post | comentar
A SEDE DO GADO

Pernoitou nos arrabaldes de uma cidade estranha
e reviu sem gosto o princípio da matéria dada,
escuma de lembranças em licitação de salvados
e versos que mal dobravam a mágoa,
poucos, rasteiros, à boca do solo relidos
com a gratidão de quem recorda mão mais firme
e postura que se tingiu de barro, como neve de dois dias.
Viagens mal ensinadas: o caminheiro descansa no albergue,
o cavalo que suou a insensatez da jornada morde, contrito,
a aveia e o receio de partir tarde. Soam no alpendre
os passos do cão da casa. Fareja a pequenez de tal destino,
desarrumar os livros, com a paixão e os enganos
do seu caminho, talvez um dia, que esteja perto,
a vida escolha de se acolher no desabrigo de versos lidos.

O que Vai Acontecer?

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