Quando a paisagem recolhe
Seus olhos, na tarde calma,
É como alguém que se olhe
Com olhos de alma p'ra alma.
Se a paisagem esmorece,
Fechando os olhos doridos,
É como alguém que perdesse
A noção dos seus sentidos.
Não vê... não ouve... não fala...
Paisagem de si ausente,
Fico-me ausente de olhá-la.
Caminho! Noite cerrada!
Sou a Paisagem de ausente
Toda em mim transfigurada.
Cantares da Noite / Líricas Portuguesas, 2ª. Série
(edição de Cabral do Nascimento)