letras, sons, imagens -- revolução & conservação -- ironia & sarcasmo -- humor mau e bom -- continua preguiçoso
31
Dez 06
publicado por RAA, às 19:26link do post | comentar
Duas vinhetas de Jean Giraud
Mister Blueberry -- Dust

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publicado por RAA, às 18:46link do post | comentar
Ex.mo Sr. Por indicação do meu amigo A. de Sequeira Ferraz soube que V. Ex.ª emprehendeu em folhetins da Sentinella a colheita dos cantos pop. do Alemtejo; permitta-me que eu, como enthusiasta por estes estudos, o felicite muito cordealmente; ao mesmo tempo aproveito a occasião para lhe pedir a distinta graça de me enviar um artigo (inedito) contendo algumas superstições ou certos versos, como para talhat doenças, adivinhas, etc. porque tenho no prélo um Annuario das trad. pop. port. onde desejo reunir, como já reuni, com excepção de V. Ex.ª, todos os que em Portugal se occupão de Folklore.
Este art. deve ser muito pequeno, porque o Annuario já está quasi cheio, e alem d'isso deve ser-me enviado por estes dias. Estou nesta terra a passar ferias; assim que fôr para o Porto remetterei a V. Ex.ª algum pequeno trabalho meu. Eu desejava possuir todos os folhetins de V. Ex.ª Num livro que agora publiquei, e de que estou a escrever o 2.º vol., Trad. popul. de Portugal (XVI-320 pag.) inclui vários costumes e cantos d'essa prov., mas não tanto com eu queria. Uma cousa recommendo a V. Ex.ª, e desculpe-me a confiança: conserve fielmente a linguag. do povo, como andi = andei, geôlho, etc..
Guimarães, R. de D. Luiz, -3 Set. 82
J. Leite de Vasconcellos
Cartas de Leite de Vasconcellos a António Tomás Pires
(edição de Eurico Gama)

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30
Dez 06
publicado por RAA, às 23:27link do post | comentar
A presença verberou a literatura falsificada e a inanidade aflitiva do jornalismo; mas o seu combate tomou também, e essencialmente, uma feição afirmativa. Ao procurarem a autenticidade de artistas na realidade interior, ao pugnarem pelo primado da arte relativamente aos poderes formais e informais, ao defenderem a independência do autor em face de todas as pressões e ao cultivarem um saudável, mas de sua natureza instável, cultura de liberdade e inclusive de contradição, desencadearam uma tempestade que viria a escapar-lhes ao controlo, levando ao afundamento da revista -- essa «catástrofe» de que falou Casais Monteiro (10) --, cujos náufragos emergiriam como grandes solitários («Havia muito já que Robinson vivia / sozinho na sua Ilha; / era um Robinson só, não tinha Sexta-feira.» (11)). Pois se a arte esteve na génese da presença, algo porventura igualmente complexo e mais poderoso contribuiria decisivamente para o seu fim: hoje já é História; ontem era a política, de que alguns nem queriam ouvir falar. Razão porque, em meu entender, o trajecto da presença como fenómeno cultural, e não apenas literário, só poderá ser apreendido se não afastarmos desse percurso as contigências que lhe estiveram sempre a par: ditadura militar, advento e consolidação do Estado Novo, Guerra Civil de Espanha, II Guerra Mundial.
(10) Carta a Alfredo Pereira Gomes, Lisboa, 1 de Maio de 1940, in JL-Jornal de Letras, Artes e Ideias, Lisboa, 25 de Janeiro de 1994, pp. 9-10.
(11) Francisco BUGALHO, «Fábula», presença, n.º 49, Coimbra, Junho de 1937, p. 10.
(continua)

publicado por RAA, às 23:23link do post | comentar
um desenho de Júlio
presença, n.º 1, 10 de Março de 1927
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publicado por RAA, às 20:04link do post | comentar

Este ano, um bom ano que nos livrou de alguns indesejáveis, foi incrivelmente mau para a justiça que se lhes devera ter feito. Milosevic morto a meio do processo em Haia, sem que o defunto Tudjman fosse, postumamente embora, responsabilizado pela barbárie balcânica. Houve também o Pinochet, essa fresca enguia. Quanto ao Saddam, compreende-se que os americanos, entre outros..., não estivessem muito interessados em revolver o passado comum.
O julgamento e rápida execução do «Carniceiro de Bagdad», com base em apenas uma das suas muitas atrocidades, embora das mais hediondas, é revelador da prontidão com que os americanos se quiseram ver livres deste empecilho, outrora aliado. Saddam Hussein não foi julgado por todo o seu consulado de terror. E sabemos, infelizmente, que os criminosos que em Washington podiam exibir no cadastro o massacre de milhares de vidas inocentes, não terão o julgamento a que deveriam ser sujeitos, em nome da decência.

29
Dez 06
publicado por RAA, às 19:26link do post | comentar

NOCTURNO

Je suis cellui ao coeur vestu de noir.
Ch. d'Orléans

Na viuvez da alameda
Andam bailes de folhas secas...
Paisagem vaga como o avesso duma seda...
O crepúsculo põe veludo nas charnecas...

Como Princesas desfloradas,
Numa floresta, p'los ladrões,
As altas árvores magoadas,
Que o vento abraça aos repelões,
Choram num coro de aflições,
Hirtas, medrosas, despenteadas...

Tudo cinzento, tudo cinzento...
As fontes chamam umas pelas outras...
Como lanças hostis, ao vento,
Tremem as canas do canavial...
E as fontes chamam umas pelas outras,
Como cegas perdidas num pinhal...

Como esbeltas Imperatrizes
Barbaramente destronadas,
As grandes árvores magoadas
Choram hirtas, despenteadas...
Estalam no chão suas raízes,
Cortam-lhe a alma sete espadas...
-- Pobres Rainhas que o vento humilha.
Rainhas de golpeado peito,
De qual de vós há-de ser feito
O berço estreito da minha filha?

Ergue-se a Lua de cabelos brancos...
Ao luar, as montanhas são grisalhas...
Ao luar, os mortos põem a secar suas mortalhas...
E a Lua penteia seus cabelos brancos...

Pelas desertas avenidas,
Longas, tristíssimas, profundas,
As altas árvores doridas
São como santas moribundas...
-- Árvores negras, cuja voz
Me enche de espinhos o coração,
De qual de vós, de qual de vós
Há-de ser feito o meu caixão?

Calou-se o vento... Um céu de ouros macios...
Como uma doce, afável enfermeira,
A Lua põe-se à cabeceira
Das águas doentes nos pauis sombrios...

Morto, cansado dos seus giros,
O vendaval foi-se deitar,
E os arvoredos, ao luar,
Não choram já, só dão suspiros...

-- Ó sequiosas da manhã,
Ó sequiosas de luz nova,
Onde estará a vossa irmã
Que há-de dar sombra à minha cova?

Silva / Eugénio de Castro -- Poeta do Amor e da Beleza
(edição de Ana Maria Costa)


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