PEIXE
Pelas ruas curvilíneas
sentes que pertences a algo
Tudo será montanha ou colina,
guitarra portuguesa
e sardinha a assar, processos de vida
A dado momento estalam os dedos
a vida e a percepção
De certo modo sentes que pertences -- a algo
O chão de pedra -- percebes?
Há sol e sombra, touros
Transístores ao longe sintonizados na distância
Guitarras ao alcance das mãos, fadistas
Vinhos e casas
Processos de vida, coisas mais que antigas
Palavras e gestos.
Rio mar sal abismos promontórios
muito longe naus encalhando
Ondas areias sal.
E o crepúsculo visita-nos a cidade
entornando o seu canto pelos cantos das casas
Indumentárias negras enfim
Guitarras vinho e gritos.
Rixas becos e linchamentos
Linchamentos emocionais
Nada a questionar
sejam cigarros ou canecos ou apenas inchaços
Pátios barulhentos na época do calor
O chão de pedra derrete e quase que fala
Derrete tudo quanto é carne nas colinas
Na encosta do castelo
estoiros de motorizada falésia abaixo
Braços no ar vento na cara cara na rocha
Guitarras quebrando cabeças
e a indumentária negra
manchada de sangue ou vinho
(não se percebe)
Poema Seis