letras, sons, imagens -- revolução & conservação -- ironia & sarcasmo -- humor mau e bom -- continua preguiçoso
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Jan 07
publicado por RAA, às 22:51link do post | comentar
Só com independência era possível ao escritor não se falsear; só ela era possível de garantir a autenticidade e, por conseguinte, a sua originalidade, enquanto autor de uma obra pessoal -- «Ser de determinada maneira pessoal e fatal -- qualquer coisa que se seja!», escreverá Régio, gideanamente (30) --, criador de uma «literatura viva», desde logo definida no nascimento da presença:
«Em Arte é vivo tudo o que é original. É original tudo o que provém da parte mais virgem, mais verdadeira e mais íntima duma personagem artística. A primeira condição duma obra viva é pois ter uma personalidade e obedecer-lhe.» (31)
Pessoa será evocado neste mesmo texto; no terceiro número, ele com Sá-Carneiro, Raul Leal e Mário Saa serão todos guindados à categoria de «mestres contemporâneos»: «os homens que, pior ou melhor, exprimem as tendências mais avançadas do seu tempo, isto é: a parte do futuro que já existe no presente. Enfim: são os futuristas.» (32) Surgia o segundo modernismo, a presença sucedia a Orpheu.
(30) José RÉGIO, «A lição inútil ou carta a um juvenil individualista», presença, n. 14-15, Coimbra, 23 de Junho de 1928, p. 9.
(31) José RÉGIO, «Literatura viva», presença, n.º 1, Coimbra, 10 de Março de 1927, p. 1. Neste manifesto inaugural, defendeu Régio ser o «colectivo» uma afirmação superior do «pessoal», o que foi interpretado, com particular interesse, como indício de «pulsões» evidenciadoras de um «outro discurso estético, ou seja, por uma individualidade tanto mais socializada e socializante quanto mais libertamente se cumpram na sinceridade original do artista.» [Fernando ALVARENGA, «José Régio e a socialização da arte no limiar presencista», O Escritor, n.º 1, Lisboa, Associação Portuguesa de Escritores, Março de 1993, p. 69.] Tema demasiado vasto para ser abordado numa nota de rodapé, não resisto, porém, a transcrever um excerto duma carta do autor de Jogo da Cabra Cega, precisamente a propósito deste romance, passagem (dentre muitas outras possíveis) que poderá enriquecer e reforçar a tese citada: «depois duma adolescência dolorosamente prolongada pela mocidade fora [...] julgo-me entrar finalmente na idade viril; quero dizer: num período de mais atenção aos outros, e mais serenidade na paixão. Veremos [...] se consigo fazer cousa em que se reflictam outras cousas da vida para as quais também me julgo capaz de simpatia.» Portalegre, Junho de 1936, in Correspondência de Rodrigues Lapa -- Selecção (1929-1985), edição de Maria Alegria Marques, Ana Paula Figueira Santos, Nuno Rosmaninho, António Breda Carvalho e Rui Godinho, Coimbra, Minerva, 1997, p. 71.
(32) José RÉGIO, «Da geração modernista», presença, n.º 3, Coimbra, 8 de Abril de 1927, p. 1. Muito mais tarde, dirá Adolfo Casais MONTEIRO: «[...] fora do Chiado pode dizer-se que ninguém sabia quem fosse Fernando Pessoa; e o seu nome, logo no primeiro número da Presença, valia por um programa inteiro.» in «A poesia da Presença» [1972], O que Foi e o que Não foi o Movimento da Presença, p. 117.
(continua)

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publicado por RAA, às 01:05link do post | comentar | ver comentários (4)
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