Aquela mulher tinha sofrido muito. Terríveis desgostos haviam envenenado toda a sua existência. Acostumada à dor, tinha-se tornado insensível aos sofrimentos alheios. Trazia um mundo de trevas consigo e não concebia nada para além daquela rígida e impenetrável esfera. Julgava os homens como inúteis bonecos que apareciam às vezes no seu caminho impelidos por uma força a eles muito superior. Concentrada sempre com os seus amargos pensamentos, olhava por cima do ombro a multidão imbecil, tão estranha e tão desconhecedora do drama que era toda a sua vida.
«A Voz do Vento»
(tradução anónima)