Um canto áspero, sem perfume,
Pela noite fora vem.
Vozes neutras e sem lume,
Nem amor têm.
Um canto álgido e soturno,
Canto de morte,
Vem como um vento contra as janelas,
Vento de noite de tempestade
Contra as janelas da nossa vida.
Como asas longas de morcegos
Lá fora a noite perpassa
Grande mãos frias sobre as coisas...
Noite Aberta aos Quatro Ventos / Líricas Portuguesas. 2.ª Série
(edição de Cabral do Nascimento)