Do questionário do Sunday Times, retirado daqui.É Ayaan Hirsi Ali demasiado crítica em relação ao Islão?
Devia o Governo Holandês retirar a sua segurança no estrangeiro?
Ayaan Hirsi Ali, uma muçulmana somali que critica fortemente a situação feminina vigente nas sociedades islâmicas, foi autora do argumento do documentário de Theo van Gogh sobre a discriminação da mulheres muçulmanas, temeridade que a obrigou a refugiar-se nos EUA e custou a vida ao realizador holandês. Embora não tenha visto o documentário, e dela só saiba pela imprensa -- a começar por uma crónica do magnífico Mario Vargas Llosa, publicada há uns anos no DNA -- não tenho ideia de que ela possa ser «demasiado crítica em relação ao Islão». Talvez o Islão -- pelo menos este Islão caricatural e bárbaro que chega até nós -- conviva mal com a contradita.
Quanto ao governo holandês, nem vou perder tempo a falar dele, depois da cobardia nojenta que demonstrou, quando se soube que a então jovem Ayaan Hirsi Ali mentira sobre a idade e as circunstâncias em que chegara ao país, ela que se doutorou e desempenhou uma acção cívica relevantíssima após ter exercido as mais humildes profissões; ela que, ainda criança, fora vítima da excisão, praticada num contexto de tradição familiar, e que dera o seu melhor na luta contra essa barbárie. Como se essa mentira inóqua, para escapar a um casamento forçado, e que ela confessou, tivesse alguma importância -- a não ser para uns burocratas desqualificados (e peço perdão pela redundância).