Voltava-se e já não era criança.
Pouco tempo depois dum atravessar tímido na aldeia
em fim de tarde era o circuito da cidade, o rio à esquerda,
as ruas a transbordar.
As lágrimas leves sossegam a almofada adolescente -- sombras
e sorrisos em esboço numa janela a ver passar o tempo.
Voltava-se e já não era criança.
Medo enquanto se fazia já rapariga, um obscuro quarto de casa
com serventia de cozinha, os mesmos frangos e as batatas de
pacote, a melancolia.
Saudades da outra vida sem perigos nem sonhos presos a grandes
expectativas -- embora lento era um território conhecido,
era o passado e não custava percorrer os seus aromas e os
espelhos pequeninos comprados nas feiras entre pó e luz.
Voltava-se e já não era criança.

Leme de Luz