Olhemos agora a literatura. A literatura -- poesia e romance -- sem ideia, sem originalidade, convencional, hipócrita, falsíssima, não exprime nada; nem a tendência colectiva da sociedade, nem o temperamento individual do escritor. Tudo em torno dela se transformou, só ela ficou imóvel. De modo que, pasmada e alheada, nem ela compreende o seu tempo, nem ninguém a compreende a ela. É como um trovador gótico, que acordasse de um sono secular numa fábrica de cerveja.
Fala do ideal, do êxtase, da febre, de Laura, de rosas, de liras, de Primaveras, de virgens pálidas -- e em torno dela o mundo industrial, fabril, positivo, prático, experimental, pergunta, meio espantado, meio indignado:
-- Que quer esta tonta? Que faz aqui? Emprega-se na vadiagem, levem-na à polícia!
Uma Campanha Alegre