letras, sons, imagens -- revolução & conservação -- ironia & sarcasmo -- humor mau e bom -- continua preguiçoso
25
Jun 08
publicado por RAA, às 18:41link do post | comentar

24
Jun 08
publicado por RAA, às 22:01link do post | comentar | ver comentários (2)
Ao longo de toda a «ilha» alastrava a mesma grossa e vaga escuridão do campo. Apenas, a intervalos irregulares, algumas raras janelas, como vazias órbitas de espectros, radiavam lívidos luaceiros na absorvente espessidão da sombra. O piso, talhado no terreno natural, era um misto traiçoeiro e imundo de restos de comida, objectos de toda a sorte, cacos, barro, cisco, cascalho e lama. Na grande vala longitudinal fermentavam acidamente as podridões. Havia um cheiro acre e nauseabundo, cumulativamente a hospício, a curral e a cemitério. E dessa sórdida promiscuidade animal, dessa fruste aglomeração de miseráveis, subia para a frialdade inerte do ar, dançando nas infectas emanações de caneiro insalubres harmonias, um como surdo verrumar de febre, um atormentado e bárbaro concerto, feito ao mesmo tempo de pragas, risos, lamentações, balidos de cabras, mugidos de vacas, grunhidos de porcos, latidos de cães e choros de crianças.


Amanhã

publicado por RAA, às 21:38link do post | comentar

23
Jun 08
publicado por RAA, às 22:20link do post | comentar
A LUÍS TEIXEIRA.

Se me encaro sereno,
frente a frente, leal,
de olhos nos olhos,
vejo:

-- o rasto incerto e claro
da minha vida inquieta,

-- um íntimo desejo
de ser casto e ser puro,

-- um fraternal amor
aos bons e aos humildes,
-- um profundo desdém
dos falsos ouropéis,

-- e um quixotesco anseio
do bem e da verdade!

Cubro com véu piedoso
os meus erros sem fim...

(Poenitet me!)

Mas, ai! se nas virtudes límpidas e belas
meu olhar demoro,
mísero, só vejo
narcisismo e vaidade...

Tômbola

publicado por RAA, às 18:24link do post | comentar | ver comentários (2)

22
Jun 08
publicado por RAA, às 15:50link do post | comentar | ver comentários (4)
Tive sempre uma predilecção especial por este músico de voz bondosa e olhos tristes. Com John Lee Hooker (1917-2001) e B. B. King (n. 1925), Muddy Waters (1915-1983) fazia parte da santíssima trindade dos guitarristas de blues meus contemporâneos. O seu nome de baptismo era McKinley Morganfield e, tal como Samuel Clemmens (Mark Twain), foi às águas lamacentas do Mississípi da sua infância buscar o pseudónimo que o imortalizou.
Muddy Waters, por muitos considerado o pai dos blues modernos, foi, por maioria de razão, o avô do rock. Co-autor -- com Brownie McGhee -- do conhecido «The Blues Had A Baby & They Named It Rock'n'Roll», coube-lhe ainda a generalização da formação tipo que viremos a encontrar no rock: voz, guitarra-solo, harmónica, guitarra-ritmo, baixo e bateria.
I'm Ready, de 1978, é um dos últimos discos de Waters. Nele encontramos, a par de composições novas, velhos standards como a faixa-título e «I'm Your Hoochie Coochie Man», ambas de 1954. Se quisermos perceber a razão do fascínio que ele exerceu nos jovens músicos de sessenta, ou porque -- autor de «Catfish Blues» --, além de pai, foi também padrinho, basta ouvir «Rock Me», de 1957. Ali está a estrutura que encontraremos não apenas nos rockers de cinquenta, como nos Beatles, nos Stones ou nos Led Zeppelin.
Waters rodeia-se aqui de um conjunto de músicos de primeira água, dos quais menciono, naturalmente, Johnny Winter, guitarrista cultor de um marcado hard-blues; o velho e inspirado harmonicista Walter Horton; e o não menos venerando «Pine Top» Perkins, cujo empolgante fraseado pianístico que lhe é característico, está, neste disco do patrão Waters, muito discreto, como que reduzido a uma função eminentemente rítmica, secundarizado relativamente às guitarras e harmónicas.
I'm Ready é, em suma, um registo importante, pela frescura destes blues que permitem ir às raízes do rock.

21
Jun 08
publicado por RAA, às 23:51link do post | comentar

A história do mundo divide-se em duas partes: antes e depois de Cristo. Eu estou mesmo em dizer que no Calvário expirou um mundo e nasceu outro. Bourbon e Menezes
Novos Solilóquios Espirituais

publicado por RAA, às 23:48link do post | comentar

publicado por RAA, às 00:54link do post | comentar | ver comentários (2)


20
Jun 08
publicado por RAA, às 22:29link do post | comentar
O público é em geral tolo, mau, e tem feito o possível para levar ao superlativo a dose de sentimentos baixos que o caracterizam.


Carta a Júlio de Vilhena
Correspondência
(edição de Francisco d'Assis Oliveira Martins)

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