letras, sons, imagens -- revolução & conservação -- ironia & sarcasmo -- humor mau e bom -- continua preguiçoso
26
Set 08
publicado por RAA, às 22:49link do post | comentar | ver comentários (3)
el plazo del amor es un instante / y hay que hacerlo durar como un milagro
Mario Benedetti

publicado por RAA, às 22:30link do post | comentar

25
Set 08
publicado por RAA, às 22:56link do post | comentar | ver comentários (4)
[já agora, se me dão licença...]
Capa de Fernando Felgueiras sobre desenho de Roberto Nobre para o meu livro Anarquismo e Neo-Realismo -- Ferreira de Castro nas Encruzilhadas do Século
Âncora Editora, Lisboa, 2002

publicado por RAA, às 22:12link do post | comentar | ver comentários (3)
SENHOR DA ESCRAVIDÃO

Pensavas que gostava de ti
desinteressado
ingénua que tu és
ó minha amada

Venerava-te, é certo
por interesse
na ambição de consumir-te
d'empreitada

De tomar o teu corpo
a meu cargo
e só deter-me
quando ele fumegasse

De deixá-lo ressequido
mesmo amargo
ainda que ele
protestasse

E não olhar a meios
nem desígnios
para sorver o teu pólen
a tua seiva, a tua hera

Penetrar bem fundo
no teu âmago
ir até aos confins
do Infinito

Como se houvesse
um outro mundo
onde não pudesse deixar
de ser proscrito

Pensavas que gostava de ti
desinteressado
ingénua que tu és
ó minha amada

Sabes que me deliciava no teu corpo
me saciava na ideia de o ter
nada mais fazer
do que dispor

Mas sabes que dele ficava um travo
mais amargo do que tu possas saber
um ligeiro paladar chamado amor
que me transformou em teu escravo


[aliás, Luís Graça]
De Boas Erecções Está o Inferno Cheio

publicado por RAA, às 19:26link do post | comentar

24
Set 08
publicado por RAA, às 22:40link do post | comentar | ver comentários (4)

Uma pérola no JL de hoje, em magnífico dossier Machado de Assis. Na entrevista ao seu biógrafo, Daniel Piza, cita-se Harold Bloom, que defendeu ser o autor de Dom Casmurro não só um dos maiores génios da Literatura universal, mas também o maior escritor negro. Sobre esta condição racial diz Piza: «[..] naquele tempo, quanto mais se subia, mais branco se ficava. Pelo menos é essa conclusão a que eu chego comparando a pintura que foi feita para a Academia de Letras e uma fotografia muito anterior. Na primeira ele é todo branco, grego, na segunda, muito mais negro. Inclusivamente, no seu obituário escreve-se na alínea da cor da pele: branco»...

E já que estou no JL, um luminoso artigo de António Carlos Cortez, «contra a corrente», intitulado «Ensinar Literatura»: «Ignorar a ideologia do texto literário e submeter os alunos à simples etiquetagem dos textos por «tipologias» é cercear o entendimento da própria língua, quer na sua dimensão gramatical, quer na sua dimensão artística.»

E este, de José-Augusto França, «Camilo versus Eça», em recensão ao livro de A. Campos Matos, A Guerrilha Literária (Parceria A. M. Pereira), a propósito da clubite dos adeptos de Camilo e de Eça, entre outras que fomos encontrando ao longo do último século, nas artes e nas letras: «"Guerrilha Literária" diz então Campos Matos, e assim somente é, na realidade cultural em cena [... p]ara a qual será sempre preciso preferir o Sporting ou o Benfica... / ...Ou, por outros nomes, Amadeo ou Almada, Aquilino ou Ferreira de Castro, Torga ou Régio, Saramago ou Bessa -- e não há terceiros nomes ou clube do Porto que valham a dicotomia simbólica...»

Este JL, aliás, está recheadíssimo de páginas interessantes: Mafalda Arnauth comentando o seu último disco, Flor de Fado, faixa a faixa; um fragmento sublime de Eduardo Lourenço; uma resenha muito sugestiva de Guilherme d'Oliveira Martins duma visita a Cracóvia; um texto esplêndido de João Medina sobre «O Terceiro Homem» de Carol Reed com guião de Graham Greene; um depoimento notável de António Sampaio da Nóvoa sobre Eurico Gonçalves: «Eurico pinta com a mesma seriedade com que uma criança brinca»...

Dos «discos», duas das melhores páginas do jornal, passo a saber que houve «um Balzac da canção»: Pierre-Jean de Béranger, agora editado pela Alpha com a voz do barítono Arnaud Marzorati, Le Pape Musulman & autres chansons. E fica-me a curiosidade para conhecer Threshold of Night, de Tarik O'Regan, compositor britânico com origem no Magrebe, e ainda Un Dia, da argentina Juana Molina, cantora e compositora "absolutamente brilhante", assegura Manuel Halpern.

A errata deste número: n'«Os livros da próxima quinzena», O Essencial sobre Crítica Literária Portuguesa (até 1940), de Carlos Leone, ficou arrumado na secção «ficção e poesia». Ah! Ah! Ah! -- terá sido mesmo erro?


imagem daqui

publicado por RAA, às 19:16link do post | comentar

23
Set 08
publicado por RAA, às 22:07link do post | comentar | ver comentários (3)

Dispensamo-nos de enganar os outros quando nos enganamos a nós próprios. Mas, por isso mesmo que é muito mais difícil enganarmo-nos a nós, estamos sempre a enganar os outros. José Marinho
«Reflexões e Aforismos», presença, n.º 31-32, Coimbra, Março-Junho de 1931

publicado por RAA, às 19:36link do post | comentar

22
Set 08
publicado por RAA, às 22:16link do post | comentar | ver comentários (2)
O rio parecia vir de nenhures e correr para nenhures. Fluía no vazio. Deste navio, às vezes, saíam canos e homens com lanças nas mãos que invadiam dum momento para o outro o pátio do posto. Vinham nus, dum negro reluzente, eram perfeitos de membros e usavam adornos de conchas brancas e fios de latão ao pescoço. Falavam num blá-blá estranho e gutural, caminhavam com altivez e lançavam com aqueles olhos espantados e sempre em movimento olhares rápidos.


«Um posto avançado do progresso»,
Histórias Inquietas
(tradução de Carlos Leite)

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