letras, sons, imagens -- revolução & conservação -- ironia & sarcasmo -- humor mau e bom -- continua preguiçoso
01
Fev 09
publicado por RAA, às 23:51link do post | comentar | ver comentários (3)
Assis Esperança, O Rebanho, Empresa de Publicações «A Hora», Lisboa, 1925.
A mulher -- que o autor não nomeia -- manda o filho chamar o pai, Pedro, à taberna. Filha de operário, um acidente de trabalho do progenitor lançou-a desde cedo na «Rua», como cauteleira, na companhia de um irmão mais novo, o Joãozinho. Vida de pobreza e promiscuidade, continuada na condição de mulher maltratada e mãe de prole excessiva -- «viver é um delito -- o grande delito dos pobres» (p. 28). Quando a cada noite, regressa a casa com o marido ébrio a enchê-la de insultos, a mulher diz-se, como que perplexa pela existência de sofrimento que leva: «não é pelo prazer de rilhar miséria» que ele vai assim, tosco, miserável, zangado com ela e com a vida: «deve haver um culpado» (p. 30).
Incipit -- Pae! -- e com olhares a ressumarem medo, a voz rastejando em tom humilde, o garotelho, oito anos cobertos de farrapos, prosseguia: -- A mãe diz que é tarde!, -- e não recebendo resposta, na lenga-lenga lamurienta dos que imploram misericordia! -- Pae! pae!
A capa, de um minimalismo expressionista muito conseguido, é de Roberto Nobre.

publicado por RAA, às 14:35link do post | comentar

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