Passou a diligência pela estrada, e foi-se; E a estrada não ficou mais bela, nem sequer mais feia. Assim é a acção humana pelo mundo fora. Nada tiramos e nada pomos; passamos e esquecemos; E o sol é sempre pontual todos os dias.
Ficções do Interlúdio (edição de Fernando Cabral Martins)
Eu, que me estou nas tintas para a questão do regime -- mas nãopara a sua essência democrática --, aborrece-me é que sejamos o país mais iletrado da Europa e não só (os marroquinos lêem mais jornais que nós); aborrece-me o espaço ocupado pelo futebol (apesar de benfiquista), aborrece-me Fátima, aborrece-me a sic e a tvi, aborrece-me o etc. e o etc.
Houve invasão não autorizada do espaço público? Pois houve -- crime gravíssimo. Houve danos materiais ou pessoais? Apenas um funambulismo gracejador e inofensivo.
Como para mim a liberdade de expressão só pode ser posta em causa quando se agridem terceiros (campanhas racistas ou xenófobas, por exemplo), sinto uma grande repugnância por atitudes destas, autoritárias e inquisitoriais. O respeitinho está-nos no sangue.