Quão insignificante e limitado é o intelecto humano normal, e quão pouca lucidez existe na consciência humana, é algo que pode ser avaliado pelo facto de, apesar da brevidade efémera da vida humana, da incerteza da nossa existência e dos inúmeros enigmas que nos pressionam por todos os lados, nem toda a gente se dedica contínua e incessantemente a filosofar, coisa que apenas as mais raras excepções fazem. Os restantes vivem a sua vida neste sonho, de uma forma não muito diferente da dos animais, dos quais, no final, apenas se distinguem pela sua capacidade de viver alguns anos mais. Se alguma vez chegaram a sentir alguma necessidade metafísica, as diversas religiões ocupam-se dela, de cima e antecipadamente.; e estas, sejam elas quais forem, bastam-lhes. Arthur Schopenhauer
«Aforismos», de Parerga e Paralipomena (tradução de Alexandra Tavares)