Rendez-vous, de André Téchiné, França, 1985 («Homenagem Juliette Binoche»). História banalíssima da provinciana na grande cidade, à procura dum lugar ao sol nos palcos e nas telas. Fogosa, Nina vai coleccionando homens, sem disso tirar grande proveito (o traço mais curioso da personagem é mesmo uma certa candura e desprendimento). Entre o frouxo bom rapaz, o desequilibrado mau rapaz, mais atractivo e necessariamente mais atraente, até ao génio torturado que a transfigura e a deixa à beira da interpretação do papel de Julieta... Bah! Binoche*, já luminosa mas ainda matéria em bruto, para outras mãos que não as de Téchiné.
Le Roi de l'Évasion, de Alain Guiraudie, França, 2009 («Em competição»). A homossexualidade campónia, deselegante e feia -- eis o desígnio do realizador: mostrar que para além dos gay pride e das lantejoulas, continua a haver nos meios pequenos e tradicionais da velha europa um conjunto de restrições e interditos que persistem em condicionar os indivíduos. Infelizmente, o filme envereda pelo grotesco e pelo absurdo. Ficamos, inclusive, sem saber o que faz por ali a personagem interpretada pela belíssima Hafsia Herzi (quem viu o magnífico «Couscous» não a esquecerá). Não liguem ao trailer; é publicidade enganosa.