Ainda no JL (uf!), Luís Bigotte Chorão, autor de A Crise da República e a Ditadura Militar (Sextante), a Rita Silva Freire: «A historiografia não serve para agradar às direitas ou às esquerdas. Nem para as provocar. Serve para reconstituir a verdade histórica, que não deve servir quaisquer outros objectivos. (...) É necessário ter uma perspectiva, que deverá servir apenas à verdade e ao rigor. Porque a História é uma ciência.»
Como não concordar com quase tudo? Embora eu discorde da História como ciência: há sempre o ponto de vista autoral, e portanto subjectivo. A História é uma narrativa, não é um relatório; e como narrativa que é, há sempre um sujeito que a redige; alguém que por muito sério e rigoroso, não consegue eximir-se à sua subjectividade. A subjectividade que o leva a interessar-se pelos concelhos medievais e não pelo absolutismo ou a revolução liberal em vez da inquisição: há sempre um fascínio ou uma repulsa que impelem o nosso interesse ou, mais importante, o nosso desinteresse.