letras, sons, imagens -- revolução & conservação -- ironia & sarcasmo -- humor mau e bom -- continua preguiçoso
07
Fev 10
publicado por RAA, às 17:29link do post | comentar | ver comentários (2)
A Morgadinha dos Canaviais, de Júlio Dinis (1868).
Ao cair de uma tarde de Dezembro, chuvoso, frio, açoutado do sul e sem contrafeitos sorrisos de primavera, subiam dois viandantes a costa de um monte por a estreita e sinuosa vereda, que pretensiosamente gozava das honras de estrada, à falta de competidora, em que melhor coubessem.
[na Livraria Civilização, Porto, 1987. Júlio Dinis, estupidamente menosprezado, é um autor central do romance português do século XIX. Comprei-o em Junho de 1989.]


Nó Cego, de Carlos Vale Ferraz (1983).
A PRIMEIRA OPERAÇÃO
Dou caça aos inimigos e os extermino
E não volto sem que os tenha aniquilado
De tal forma os aniquilo e despedaço que não mais se levantam
..................................................................................................................
Gritam por socorro mas não há quem os salve
Eu os trituro como ao pó da terra.
BÍBLIA, CÂNTICO DE DAVID
1. Um comando não tem fome nem tem sede...
Finalmente veio a ordem desejada, murmurada no passa-palavra, da frente para a retagurada da companhia de comandos:
-- Parar para almoçar, meia hora, a última equipa monta segurança.
[na Livraria Bertrand, Amadora, 1983. Nunca a guerra me tinha surgido tão de perto. Um livro admirável, um livro para a História. Deu-mo a minha mãe, em Junho de 1983.]

Para Sempre, de Vergílio Ferreira (1983)
Para sempre. Aqui estou. É uma tarde de verão, está quente. Tarde de Agosto. Olho-a em volta, na sufocação do calor, na posse final do meu destino. E uma comoção abrupta -- sê calmo. Na aprendizagem serena do silêncio. Nada mais terás de aprender? Nada mais. Tu, e a vida que em ti foi acontecendo. E a que foi acontecendo aos outros. É a História que se diz? Abro a porta do quintal. É um portão desconjuntado, as dobradiças a despegarem-se. Há muito tempo já que aqui não vinhas. Sandra era da cidade, gostava da capital, detestava a vida da aldeia. Lá ficou.
[da 11.ª edição, na Bertrand Editora, Venda Nova, 1998. O culminar dum percurso literário de décadas. Nos dois sentidos: é um dos seus últimos livros; mas, principalmente, é uma narrativa brilhante, de quem já muito havia escrito e que atinge a sua própria perfeição. Comprei-o em Setembro de 2001.]

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