O regime marcial a que os conquistadores sujeitaram Lisboa, acordando-a todas as madrugadas a tiro de canhão e o rufo de tambor, despertara-a da sua modorra de beata, acabara por transfigurar em praça de guerra a cidade dos lausperenes e viáticos, das procissões e das novenas. Ainda tangiam quase permanentemente os sinos da Sé, igrejas e conventos. Mas ao bimbalhar dos sinos associavam-se, como, como vozes duma sinfonia guerreira, o rufar frenético das caixas, a gritaria exasperada dos clarins, pondo remoques militares nas velhas árias religiosas dos carrilhões.
Paixão de Maria do Céu