Quando no espelho me contemplo, a frio,
Notando o ultraje que produz a idade,
Sou como quem suporta, ao desafio,
A afronta iníqua da fatalidade.
Mas se em teus olhos, cheios de bondade,
Me revejo, ante a análise, sorrio;
Volvo ao fulgor da antiga mocidade,
Em subitâneo e alegre desvario!
Espelhado em teus olhos, estremeço!
Aos teus olhos, feliz, rejuvenesço,
Revibrando de espanto e de alvoroço!
Porque sempre que os beijo e os interpelo,
Por sua refracção, me torno belo,
E pelo teu amor me sinto moço!
Sol das Almas