A coluna de Paul Krugman no i de hoje é completamente elucidativa quanto à natureza das chamadas "agências de rating" -- Standard & Poor's, Moody & outras associações de malfeitores. Não é de admirar que os filisteus do costume se papagueiem mutuamente, defendendo que não interessa nada se as avaliações são justas ou injustas, quando muitos deles sabem bem do que se trata, sem precisarem, como eu preciso, de ler o Nobel da Economia para tentar perceber alguma coisa deste caos. O espaço público está cheio de ruído, a propósito de tudo e de nada.
O que verdadeiramente me espanta é a ausência de liderança europeia, a pequenês política dos dirigentes europeus -- todos à espera que a tia rica nos ampare, sem que se destaque uma voz forte, audível para lá das fronteiras da União, dando um murro na mesa para afirmar que os países que a constituem não podem estar nas mãos de chicos-espertos.
Não temo pela Grécia, nem por Portugal, porque a tia rica vai ser obrigada a abrir os cordões à bolsa para safar os sobrinhos estróinas; temo, sim, pela saúde da União Europeia. E das duas, uma: ou percebemos que não podemos continuar nestas meias-tintas para-federalistas e vamos mais longe, numa integração de tipo confederal, em que não haja lugar para habilidades gregas, ou o projecto europeu tornar-se-á uma miragem, sucumbindo aos egoísmos próprios dos estados e à pouca grandeza de quem os lidera. Há, fora da Europa -- e também dentro -- quem esteja interessado nisso.