letras, sons, imagens -- revolução & conservação -- ironia & sarcasmo -- humor mau e bom -- continua preguiçoso
21
Jun 10
publicado por RAA, às 23:01link do post | comentar
Uma enorme timidez afastava-me de toda a gente. Temia que lessem nos meus olhos; temia que através das minhas palavras descobrissem quem eu era. Fèlix Cucurull
«Agora, adeus» (tradução de Manuel de Seabra)

publicado por RAA, às 18:20link do post | comentar

20
Jun 10
publicado por RAA, às 16:12link do post | comentar
TRABALHOS DOMÉSTICOS

O rouquejar da lâmpada,
a mosca que insiste
calando a noite que espera
nos grilos que o perigo passe.

A levíssima, afrutada brisa
dos tinturados cabelos das macieiras
arrojada ao chão sob o peso da vassoura.
O azul que aparece por sobre a serra
e estanca no açude das telhas,
o amanhecer
atraves do anoitecer.

Sujo de luz o vidro pede afagos de mãe.

Um coelho enxuto, magro,
aflito de vida a repartir
por doze irmãos.

Berçário

19
Jun 10
publicado por RAA, às 23:45link do post | comentar
Saramago e o Portugal de sempre;
Um Mestre;
Arnold Brügger, Hamburg, 1923 .

18
Jun 10
publicado por RAA, às 18:09link do post | comentar | ver comentários (2)

publicado por RAA, às 14:48link do post | comentar | ver comentários (3)
A sensação que tenho, com a morte de José Saramago, é que ele (e também Agustina) foi o último dos grandes -- não no sentido da qualidade literária, porque, felizmente, enquanto houver Literatura haverá sempre quem faça uso das palavras para acrescentar mundos ao mundo; mas no da aproximação simbólica ao escritor demiurgo, maitre à penser ou não, alguém doutro patamar, transportando consigo a aura dos que sentem mais fundo e mais longe. Os viventes estão demasiado contaminados pela mesquinhez do quotidiano -- algo a que ele se subtraiu desde que Levantado do Chão surgiu como um romance fora-de-série, e que, com Memorial do Convento, fecha o neo-realismo com chave de ouro. Não tenho dúvidas de que o futuro registará José Saramago como hoje assinala outros grandes romancistas e prosadores do século XX: um Raul Brandão, um Aquilino Ribeiro, um Ferreira de Castro, um José Régio, um Vitorino Nemésio e, quem sabe?, um Alves Redol, um Manuel da Fonseca, um Vergílio Ferreira, um Jorge de Sena, e outros que nem sequer me passam pela cabeça.

publicado por RAA, às 14:47link do post | comentar

publicado por RAA, às 14:45link do post | comentar

17
Jun 10
publicado por RAA, às 20:00link do post | comentar | ver comentários (2)
Vê se és capaz de interiorizares a certeza de que depois da tua morte não há mais nada, ou só o nada existe. Que é que depois podes extrair do significado para tudo o que te preocupou enquanto vivo? E se não consegues abstrair da existência dos que ficam ou hão-de vir, vê se és capaz de imaginar a espécie humana extinta. E os biliões das eras de silêncio que se seguem. Porque só então saberás o incrível da tua ficção. Vergílio Ferreira
Pensar (edição de Helder Godinho)

publicado por RAA, às 18:00link do post | comentar
Esther Mucznick, que gosto sempre de ler no Público, mesmo quando, por vezes, não concordo com ela, pergunta-se, hoje, porque razão existe uma sanha contra Israel, «o único Estado do mundo ao qual nada se perdoa.»
É evidente que existe um duplo critério, quando se aborda o conflito israelo-árabe. Por cá, uns patetas alucinados continuam a destilar o seu anti-judaísmo patológico -- em Portugal!, o país com o sangue mais impuro da Europa, nação cheia de judeus, berberes, negros que desde o século XV se miscigenaram com os indígenas locais, mais um punhado de celtas, ao Norte...
À esquerda, esquerda festiva, estúpida e inconsciente, gemina-se com Gaza... Tenho, também, lido em sítios na net, alegadamente marxistas (ou marxizantes), tiradas anti-semitas duma indignidade atroz.
Mas há uma coisa que Esther Mucznick tem de perceber: não há a mínima paciência ou tolerância por parte de alguns amigos e admiradores de Israel -- entre os quais modestamente me incluo --, quando o governo do país é liderado por um troca-tintas como Netanyahu, acolitado por um indivíduo pouco recomendável chamado Avigdor Lieberman, uma espécie de Le Pen do Médio Oriente (e, repetindo-me, como se deixou Ehud Barak enredar nesta armadilha de pacifismo suspeito?...).
Foram escolhidos pelo eleitorado, dir-se-á. Pois foram, mas isso não desculpa o eleitorado. Têm, até, menos desculpa do que os votantes que em Gaza elegeram o Hamas. Convenhamos: uma coisa é ser-se cidadão duma sociedade aberta, como Israel; outra coisa é ser-se um mero peão e carne para canhão dos territórios palestinianos.

Resumindo: em face dos Liebermans e do Netanyahus, creio que não vale muito a pena evocar o passado, a Inquisição, os pogroms e os fornos crematórios. Não são apenas os palestinianos (ou os árabes em geral) que têm de assumir as suas responsabilidades. Os israelitas, também -- e enquanto é tempo.

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