Leio o Dalai Lama: «a guerra é como um incêndio na comunidade humana cujo combustível são pessoas vivas» (Ética para o Novo Milénio). Por estar consciente disso, fui um dos milhões que em todo o mundo se manifestaram contra a guerra criminosa no Iraque. Qualquer pessoa bem formada e informada percebia o que de terrível iria acontecer aos inocentes, por capricho e ganância da trupe do Bush filho, do repugnante Blair e desse palhaço amacacado chamado Aznar (Barroso, felizmente para nós, foi duma irrelevância em tudo aquilo, que seria ridículo se não fosse trágico). O ataque à igreja de Bagdade no passado domingo deve-se a esta cáfila que soltou no Iraque o sectarismo religioso e o tribalismo. Eles continuam a ser responsáveis pela mortes das mulheres, das crianças, dos padres e dos polícias, pessoas que serviram de combustível nesta guerra que só terminará, após a retirada dos americanos, com o domínio sanguinário de uma das facções -- muito provavelmente dos xiitas com apoio do Irão, guerrilha endémica sunita finaciada pela Arábia Saudita, para não falar do Curdistão, problema ainda mais complexo.
Não sou um pacifista à outrance, muitas vezes não há outra solução para garantir a paz. Para continuarmos em terrenos saddâmicos: quando o carniceiro invadiu o Koweit, dificilmente haveria outra alternativa -- e por essa razão os EUA conseguiram formar aquela coligação.
Mas a tragédia de domingo, a última de milhares ocorridas desde a segunda invasão do Iraque, por causa das armas de destruição maciça que nunca existiram (lembram-se?), tem assinatura.