letras, sons, imagens -- revolução & conservação -- ironia & sarcasmo -- humor mau e bom -- continua preguiçoso
22
Nov 10
publicado por RAA, às 23:06link do post | comentar | ver comentários (6)
Não sei que sentido terá hoje falar-se de contra-cultura. É um conceito a rever. Mas se pensarmos em transgressão e desafio, Alberto García-Alix é um nome. Não me impressiona muito a foto de chuto com título poético ou o grande falo erecto dum tipo cujo nome me esqueci de assinalar (Pancho, Nacho ou assim -- mulheres fascinadas, homens invejosos). A toxicodependência e a pornografia, a deficiência e a irreverência já não chocam muito pouco. A grande foto da exposição «De donde no se vuelve» (desgraçadamente, não vi o documentário), a fotografia mais transgressora e desafiante é a de um imaculado "peitilho" intitulada: Um homem de camisa demasiado limpa não é um homem honrado. Perfeito.
(Auto-Retrato)

publicado por RAA, às 13:01link do post | comentar

21
Nov 10
publicado por RAA, às 23:34link do post | comentar
A Espada e a Rosa, de João Nicolau (Portugal, França, 2010). «Em competição».
E depois da cena do fiscal das finanças, quando tudo parecia ir bem e nos preparava para assistirmos a algo interessante, com humor e voz própria,  o filme escangalha-se e transforma-se num pastelão insuportável, que as deixas piadéticas das personagens agravam, nem se salvando o inevitável Luís Miguel Cintra (papéis daqueles, ele fá-los até a dormir) ou o José Mário Branco, cuja aparição teve pelo menos o condão de me acordar. (Para filmes longamente aborrecidos, uma frase longa.)

publicado por RAA, às 01:05link do post | comentar | ver comentários (5)
Cul-de-Sac, de Roman Polanski (Reino Unido, 1966). «Homenagem Roman Polanski». 
O primeiro que vi do Polanski foi o deslumbrante «Tess», no desaparecido Cinema Palácio, no Estoril, e tive pena de não o rever nesta homenagem que o EFF organizou. Polanski é uma figura trágica (assistiu à morte da mãe, abatida à queima-roupa por um militar nazi; a mulher, Sharon Tate, morta de forma macabra com um filho seu no ventre; o caso de abuso de menor que ainda o persegue...) e também é um dos maiores cineastas do nosso tempo e, se calhar, da história do Cinema (deixo isso aos especialistas). O seu texto publicado no Catálogo -- não sei se escrito propositadamente para --, intitulado «O cinema é uma luta, é guerra» é exemplar na lucidez e na fibra que demonstra. Algo assim só pode ter saído da pena de um criador de excepção. 
Nunca vira o «Cul-de-Sac», uma comédia de reféns, um «beco-sem-saída» em que se metem dois foras-da-lei, e que não acaba bem para eles. Donald Pleasence estupendo como industrial retirado para o seu castelo na Escócia, ao lado da espampanante Françoise Dorléac; a Pleasence e ao inefável Lionel Stander se deve o mais hilariante do filme (se o João Bafo-de-Onça tivesse figura humana, seria a de Stander...). 


20
Nov 10
publicado por RAA, às 23:48link do post | comentar | ver comentários (2)

Lionel Stander, em «Cul-de-Sac», de Roman Polanski
e João Bafo-de-Onça (Pete), de Walt Disney

publicado por RAA, às 13:00link do post | comentar

19
Nov 10
publicado por RAA, às 23:12link do post | comentar
1, 2, 3, 4, 5 dele, aqui.

18
Nov 10
publicado por RAA, às 23:56link do post | comentar | ver comentários (2)
Copie Conforme, Abbas Kiarostami (França, Itália, 2010). «Fora de competição».
 Um historiador de arte e uma antiquária encontram-se na Toscânia, desenvolvendo um jogo de faz-de-conta de uma relação marital que não existe, nem se pretende -- pelo menos da parte dele -- venha a existir.
Binoche encontra Kiarostami. O iraniano é um artista refinado, com a justa medida do pudor. No encontro com o público, disse que as reacções que tem tido -- ao script, primeiro, e depois ao filme -- confirmam a sua intuição de que há mais semelhanças do que diferenças entre pessoas de culturas distintas. Também me parece -- talvez apenas com a ressalva de a sensibilidade de Kiarostami me parecer ainda intocada pela coisificação em que vamos chafurdando. A delicadeza do filme parece-me pouco ocidental...


publicado por RAA, às 13:58link do post | comentar

17
Nov 10
publicado por RAA, às 23:04link do post | comentar
Chronicle of a Disappearance, Elia Suleiman (PSE, Israel, Alemanha, França, 1996). «Retrospectiva Elia Suleiman».
Grande filme, quase caseiro, rodado ainda sob o optimismo dos Acordos de Oslo (vide cena em baixo). Suleiman, laico e antinacionalista, vai para além dos clichés. A Nazaré natal que ele nos mostra podia ser qualquer pequena cidade de qualquer país. Um humor fino e elegante. Pedi-lhe, após a exibição, para comentar a impressão que me tinha causado o seu humor, que considerei muito tatinesco. Ele disse que um dos técnicos que o acompanhou na rodagem, um francês, lhe perguntou se conhecia a obra do Jacques Tati, o que então não se verificava. Quando tomou contacto com ela, achou interessante comprovar como podia haver sensibilidades semelhantes em tempo e espaço tão diferentes. Muito interessante outra das suas declarações: «Não quero adorar a terra mais do que ela o deve ser...», afirmando-se descrente na identidade, um artificialismo (a palavra é minha) que só faz sentido naquilo a que Suleiman chamou « a familiaridade do espaço», ou seja: a terra natal.


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