Cul-de-Sac, de Roman Polanski (Reino Unido, 1966). «Homenagem Roman Polanski».
O primeiro que vi do Polanski foi o deslumbrante «Tess», no desaparecido Cinema Palácio, no Estoril, e tive pena de não o rever nesta homenagem que o EFF organizou. Polanski é uma figura trágica (assistiu à morte da mãe, abatida à queima-roupa por um militar nazi; a mulher, Sharon Tate, morta de forma macabra com um filho seu no ventre; o caso de abuso de menor que ainda o persegue...) e também é um dos maiores cineastas do nosso tempo e, se calhar, da história do Cinema (deixo isso aos especialistas). O seu texto publicado no Catálogo -- não sei se escrito propositadamente para --, intitulado «O cinema é uma luta, é guerra» é exemplar na lucidez e na fibra que demonstra. Algo assim só pode ter saído da pena de um criador de excepção.
Nunca vira o «Cul-de-Sac», uma comédia de reféns, um «beco-sem-saída» em que se metem dois foras-da-lei, e que não acaba bem para eles. Donald Pleasence estupendo como industrial retirado para o seu castelo na Escócia, ao lado da espampanante Françoise Dorléac; a Pleasence e ao inefável Lionel Stander se deve o mais hilariante do filme (se o João Bafo-de-Onça tivesse figura humana, seria a de Stander...).