letras, sons, imagens -- revolução & conservação -- ironia & sarcasmo -- humor mau e bom -- continua preguiçoso
25
Jan 11
publicado por RAA, às 14:39link do post | comentar | ver comentários (10)
no meu sangue há
comerciantes austeros de suíças brancas e longas
relógios de cordão de ouro e ar respeitável
(talvez o fossem)
um ar que se permitia pendurar-se
nas paredes de pé direito muito alto
em casas do século dezoito

trataram na ribeira das naus do que chegava do brasil da índia e
                                                                               [das partes de áfrica
alguns deixaram as mulheres e descobriram no regresso filhos
                                                                    [com treze meses de gestação
alguns deixaram as mulheres e descobriram-se pais de outros
                                                                        [filhos em paragens distantes
perdoai-lhes senhor
que todos sabiam o que faziam

foram vizinhos do bernardo soares
sem que o notassem
estiveram cercados à fome pelos castelhanos em mil trezentos e
                                                                                    [oitenta e quatro
circularam em contágio de curiosidade entre o carmo e o arsenal
                                                                                    [no vinte e cinco de abril
sem espalhafato que a sua política era o trabalho
vaguearam doidos varridos quando o grande terramoto lhes
                                                                                    [ruiu bens e família
sobreviveram como puderam aos exércitos de bonaparte e à
                                                                                    [tropa de beresford

em lisboa há séculos
pergunto(-me) o que são e de onde vieram

prosperaram e caíram
o triunfo não era da sua natureza
acertavam quando calhava para tudo se desconjuntar na geração
                                                                                      [seguinte
cabeças no ar e mau vinho
importação de fruta exótica e lugares na praça da figueira
prédios no bairro alto e campo de ourique habitação ao rossio
cruzaram-se com o eça quando ia visitar os pais chegado de paris
mas também não deram por isso.
já ninguém mora nas casas pombalinas e o soalho deixou de
                                                                                      [ranger

desde então a família circula dispersa-se e desfaz-se

publicado por RAA, às 10:56link do post | comentar
I've seen you!...
la la la la,
la la la la,
la la la la,
la la la laaaaaa...
Yes
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24
Jan 11
publicado por RAA, às 22:41link do post | comentar

23
Jan 11
publicado por RAA, às 18:10link do post | comentar | ver comentários (4)
Já há algum tempo que dei por mim surpreendido com a circunstância de quanto mais o tempo passa mais agradável se me torna ouvir o The Wall, dos Pink Floyd, inversamente ao fastio que me vão provocando os outros álbuns que preencheram a minha adolescência: o Dark Side of the Moon, o Wish You Were Here e o Animals. Nesses idos de 79, chocalhado pelo pós-punk, comprei, ouvi, gostei e guardei o The Wall, aborrecido com o chinfrim à volta da censura ao hit «Another brick...», que tresandava a publicidade irritante. A verdade é que se trata de um grande (duplo) disco, escrito e composto ali com as vísceras todas do Roger Waters, traumatizado órfão de guerra. São 26 pequenas obras-primas, na melhor tradição do rock britânico, onde também há lugar para o riquíssimo veio oitocentista do musical londrino. Mason, Wright, Gilmour e Waters formam um quarteto arrebatador e inspirado; e Bob Ezrin, co-produtor esteve à altura do dramatismo, por vezes grandiloquente, que Waters pretendeu. Fiquei surpreendido, é verdade, mas sem razão. O Waters pôs-se todo lá, e quando é assim, é difícil uma obra não resistir ao tempo.

Nota: postado em 3 de Abril de 2005, com o  título «In The Flesh».

22
Jan 11
publicado por RAA, às 16:42link do post | comentar
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publicado por RAA, às 00:05link do post | comentar
5 poemas, aqui.

21
Jan 11
publicado por RAA, às 22:38link do post | comentar | ver comentários (2)
O final dos tempos de antena de Cavaco impressiona pela girândola de novas tecnologias: o Twitter, o Flipper, o Skippy, a Lassie e o Rin-Tin-Tin. 

20
Jan 11
publicado por RAA, às 19:47link do post | comentar
Béla Bartók (1881-1945), Concerto para Orquestra (1943), seguido de O Mandarim Maravilhoso (1919) e Dois Quadros para Orquestra (1910).
Um disco que levaria para a ilha deserta. Quanto mais oiço, mais gosto (este é o critério).
O Concerto para Orquestra -- repare-se na ambiguidade do título, o concerto é normalmente para solistas --, composto nos Estados Unidos, dois anos da morte de Bartók, é tido como uma espécie de resumo do percurso musical deste grande húngaro. A tradição e a inovação, o humor e o dramatismo, a vida e a morte (vivia-se e morria-se na II Guerra Mundial), a alegria solar dos trabalhos e dos dias nos campos e nas aldeias, o vórtice das metrópoles, tudo se conjunga nesta obra-prima.
 O Mandarim é um bailado dionisíaco, pleno de pujança e carga sexual; os Quadros, composições impressionistas, bem dentro da modernidade fragmentada dos anos dez. À memória vêm-me Debussy, é claro, mas também Ravel, Stravinsky.
A gravação é de 1962/63, com a Orquestra de Filadélfia, dirigida por Eugene Ormandy.

publicado por RAA, às 13:31link do post | comentar

publicado por RAA, às 00:41link do post | comentar
Fiquei hoje a saber os nomes  das mulheres dos candidatos presidenciais, que na maior parte desconhecia. Nomes fantásticos, todas. Joana, mulher de Defensor de Moura; Luísa, mulher de Fernando Nobre; Mafalda, mulher de Manuel Alegre; Maria, mulher de Cavaco Silva; Leonor, mulher de Francisco Lopes; Rita, mulher de José Manuel Coelho. Nomes fortes, com personalidade e com história. O país não está tão mal como o pintam.

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