É preciso dizer ao Assad que se arrisca a ter um fim parecido com o do Kadafi. É só deixarem-no cair nas mãos das suas vítimas, como aconteceu ao outro desgraçado. (Mas como ele não deve ser louco delirante como era o comparsa líbio, é bem possível que tente salvar o pelo. Resta saber se haverá país aceitável no mundo árabe que dê asilo ao alauíta).
Por terra é que é vê-lo agora: a poderosa e antipática figura conserva mesmo no chão extraordinária grandeza. Quando cai é que se lhe mede o tamanho.
El-Rei Junot
Ela entrou como um pássaro no museu de memórias
E no mosaico em preto e branco pôs-se a brincar de dança.
Não soube se era um anjo, seus braços magros
Eram muito brancos para serem asas, mas voava.
Tinha cabelos inesquecíveis, assim como um nicho barroco
Onde repousasse uma face de santa de talha inacabada.
Seus olhos pesavam-lhe, mas não era modéstia
Era medo de ser amada; vinha de preto
A boca como uma marca do beijo na face pálida.
Reclinado; nem tive tempo de a achar bela, já a amava.
Jardim Noturno
É só da própria desventura que Beethoven constrói, acaso, melodias sublimes? Não, nele congregam-se aspirações remotas, e a desgraça ignorada daqueles a quem esta vida nem mesmo foi dado chorar.
El-Rei Junot