Os que me vêem triste sem motivo,
Estranham, param, olham-me irritados...
Triste porquê? Porque é que estão magoados,
Estes meus olhos, como os dum cativo?
Em vão tento explicar que sofro e vivo
Noutro país, em sonhos afastados,
Mas sem nunca entender, eles, coitados,
Retiram-se a sorrir com modo altivo.
Deixem-nos lá! Que importa! -- Eu sou diferente...
Para eles, sem fogo não há fumo,
E até julgam talvez, que eu sou fútil...
E não suspeita aquela pobre gente,
Que nada existe de tão triste como
A dor sem causa e o sofrimento inútil...
Sonetos