letras, sons, imagens -- revolução & conservação -- ironia & sarcasmo -- humor mau e bom -- continua preguiçoso
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Dez 05
publicado por RAA, às 15:09link do post | comentar
A MEU IRMÃO

O homem voltou ao solar do amigo
O homem queimou um cigarro na testa
O homem voltou calculando o destino
Andou mais um passo e não viu

Matava ele o tempo numa outra azinhaga
E a voz era fraca ninguém o ouvia
A larva estendia e o sol abrasava
A marcha do tempo parou

Havia uma vala na rua comprida
E a porta travava ninguém o espera
O homem cavava uma cova na vida
Ali nem o céu se calou

Trazia uma ruga na cara comprida
Não vinha p'ra nada vinha por nada
E a rua era larga e a rua era fria
Andou mais um passo e tombou

Havia uma hora que havia uma vida
Que o homem andava que o homem corria
E a porta travava e um tiro partia
A marcha do tempo parou

O homem voltou ao solar do amigo
E a casa era escura e a porta batia
O homem queimou um cigarro na testa
Andou mais um passo e tombou

Na volta era a noite
Chupava-se a vida
Que há tempo e medida
Chupava-se a vida
O homem precisa é dum'outra cantiga
Agora que o frio voltou

José Afonso -- Antologia de Textos e Canções

(edição de José Viale Moutinho)

sintonizado de novo :). um abraço ccc
ccc a 2 de Dezembro de 2005 às 11:42

Que boa surpresa. :)outro abraço
RAA a 2 de Dezembro de 2005 às 15:22

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