Há vinte anos, a queda do Muro de Berlim -- o muro da vergonha, lembram-se? -- representou o fim do maior embuste do século XX: sociedades reprimidas e policiadas, em nome da liberdade e da justiça; imperialismo de rapina, em nome do internacionalismo e da amizade dos povos; belicismo, em nome da Paz (com maiúscula e tudo); castas privilegiadas (dum lado os apparatchiks; do outro, a generalidade da população), em nome da igualdade. Era assim que queriam combater o capitalismo.
Como dizia o velho anarquista Manuel Joaquim de Sousa, polemicando com Bento Gonçalves, o PCP queria substituir uma ditadura (o salazarismo nascente) por outra, ainda mais cruel e mais estúpida.