letras, sons, imagens -- revolução & conservação -- ironia & sarcasmo -- humor mau e bom -- continua preguiçoso
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Jul 09
publicado por RAA, às 23:43link do post | comentar
O melhor álbum dos Dire Straits; o disco da maturidade, e da euforia. Knopfler confirma-se como um dos referenciais song writers do rock, o que se suspeitara logo dois anos antes de Making Movies, com o single de estreia, Sultans of Swing (1978) e a surpresa do primeiro LP, Dire Straits, desse mesmo ano.
Na ressaca do punk, um tipo desconhecido, professor de literatura inglesa, surgia com um som retro, uma invejável competência técnica como guitarrista, uma voz cavernosa e música indiferente ao que então estava a dar.
Podia ter sido uma das recorrentes irrupções revivalistas que sucedem em todas as artes. Mas não. Os Dires Straits -- ou melhor, Mark Knopfler -- eram muito mais que um epifenómeno nostálgico. Communiqué, de 1979, já o assegurava.
Falei em euforia. «Getting crazy on the waltzers but it's the life that I choose», reza o primeiro verso de «Tunnel of love». Depois de entusiasticamente saudados, Knopfler e o baterista Pick Withers foram convidados a tomar conta da guitarra-solo e dos tambores do álbum de Bob Dylan, Slow Train Coming (1979). Sabemos qual foi o seu desempenho. Este Making Movies surge quando os Straits estão na linha da frente da música popular. Justifica-se, pois, a euforia: «Well take a look at that / I made a castle in the sand / [...] / If I realised that the chances were slim / How come I'm so surprised when the tide rolled in» -- versos de «Solid Rock», faixa que poderia ter dado o nome ao disco. Knopfler, coadjuvado por Withers, John Illsley e Roy Bittan, pianista da E Street Band, de Bruce Spingsteen, deu-nos um dos álbuns mais consistentes, mais sólidos da história do rock. Uma lição de Knopfler para ouvir de uma ponta a outra: a consabida mestria do guitarrista -- o celebrado recurso ao fingerpicking, muito perceptível nas guitarras acústicas -- inibe-o de fazer exercícios estéreis de virtuosismo; e a Fender sobressai naturalmente, sustentada pela secção rítmica.

Grande disco de um grande grupo! É sempre fantástico ouvi-los, ontem como hoje, depois de os ter acompanhado ao detalhe durante muito tempo. Fui fã incondicional. E ainda sou :)

Excelente texto, RAA!
Ana Paula a 12 de Julho de 2009 às 04:01

Obrigado, Ana Paula :|
Acho que eles, dois discos mais tarde, se despistaram. Gosto da sobriedade actual do MK.
RAA a 12 de Julho de 2009 às 04:10

Vc é bom como crítico musical. Nossa! Impressionada.
Rose a 12 de Julho de 2009 às 04:46

Grande disco ... saudades !!!!
Abraço
Rita Roquette de Vasconcellos a 12 de Julho de 2009 às 09:30

RAA
Obrigada pela visita, comentário e referência no seu blog.
Vizinhos de interesses também.
:-)
Abraço
Rita V.
Rita Roquette de Vasconcellos a 12 de Julho de 2009 às 23:50

É o disco da maturidade;)
E este texto é igualmente um apontamento muito seu, RAA.
Não sei se tem algum livro de contos. Se não tem devia pensar no assunto.:-)
GJ a 13 de Julho de 2009 às 00:55

Rose: tem piada, ontem respondera, a si e à Rita, mas a resposta não a vejo...
Dizia-lhe que começara a "criticar" no jornal do liceu, depois num dos jornais cá da terra, e depois me deixara disso...

Outro, Rita :|

Obrigado, GJ. Contos, por acaso tenho andado a pensar nisso. Talvez quando a madurez me cair em cima... .|
RAA a 13 de Julho de 2009 às 23:14

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