letras, sons, imagens -- revolução & conservação -- ironia & sarcasmo -- humor mau e bom -- continua preguiçoso
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Jul 07
publicado por RAA, às 20:28link do post | comentar

A Comissão Inglesa para a Igualdade Racial recomendou o boicote à comercialização do Tintin no Congo, por conteúdo racista (link). Muitos se indignaram com mais este ditame do politicamente correcto, entre os quais alguns amigos e cofrades bloggers (que não linko porque dá trabalho, e este blogue é preguiçoso). Compreendo a indignação de vários tintinófilos, espécie de que faço parte, mas não sou insensível ao mal-estar que pode resultar da leitura deste álbum.

Vejamos: trata-se da segunda aventura de Tintin, datada de 1931. O seu interesse, mesmo com a nova versão feita por Hergé, é essencialmente documental. Estou até convencido de que se o o seu autor fosse vivo actualmente, mais depressa «renegaria» este trabalho juvenil do que o inicial Tintin no País dos Sovietes. Tintin destina-se a um público alargado, composto, portanto, por crianças e jovens -- muitos deles negros. Se um adulto, independentemente da etnia, tem distanciamento e discernimento para relativizar a caricatura, situando autor, mentalidade, época, o mesmo não se passa com os mais novos. É, quanto a mim, escusado adicionar mais um factor de humilhação, mágoa ou amargura nalgo que se quer recreativo. Pode até tornar-se cruel, dada a natureza particular de que se reveste: um dos grandes ícones mundiais da BD.
Por isso, sendo contra a censura, totalmente descabida, parece-me avisada a decisão do grande retalhista livreiro que decidiu colocar o livro na secção de adultos.



Estou totalmente de acordo com a sua análise sensata, apesar de apaixonada. É preciso enquadrar a obra, o autor e o universo mental na sua época.
Nuno Ferreira a 22 de Julho de 2007 às 00:05

Sem dúvida,e também não sermos insensíveis às razões dos outros.
RAA a 22 de Julho de 2007 às 14:34

Como é que explicas que seja a obra de Hergé mais vendida e popular no Congo?
Masoquismo? Iliteracia?
Abraço
O Réprobo a 22 de Julho de 2007 às 19:05

Penso que esse conceito de racismo, quando o texto foi escrito, pouco tem a ver com o que hoje temos.
Vieira Calado a 22 de Julho de 2007 às 19:20

Rep: se é assim, acho que eles não valorizam a questão, o que é óptimo; o que não impede que haja quem o faça, e isso merece o meu respeito. Ab.

Vieira Calado: é como diz, embora não possamos evitar que determinadas pessoas possam sentir-se atingidas por ele. Cumprimentos.
RAA a 22 de Julho de 2007 às 20:21

Com a primeira parte concordo.
Com a segunda, não, não e não! Quem não tem sentido de humor merece o sofrimento, desde que nesta dose proporcionada, entenda-se.
Abraço
O Réprobo a 23 de Julho de 2007 às 10:51

Sim, castiguemos os enjoadinhos e os caras-de-pau! Só que isso não se aplica às crianças e jovens em formação, que são quem está na origem das minhas reticências... Ab.
RAA a 23 de Julho de 2007 às 12:31

Tenho precisamente a mesma opinião. Aliás, deixei-o escrito no meu blog que acabou por originar uma disciussão com o Rogério Casanova do Pastoral Portuguesa. Abraço tintinófilo.
JRP a 23 de Julho de 2007 às 15:02

jrp: obrigado pelo seu comentário. Li o seu post e verifiquei termos opiniões idênticas. Abraço tintinófilo também.
RAA a 23 de Julho de 2007 às 19:27

Essa pahaçada do esterótipo não faz parte da mentalidade de criança alguma, que não possui o conceito; é fruto evidente do cérebros de adultos desequilibrados e impositivos
Ab.
O Réprobo a 24 de Julho de 2007 às 10:11

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