Chronicle of a Disappearance, Elia Suleiman (PSE, Israel, Alemanha, França, 1996). «Retrospectiva Elia Suleiman».
Grande filme, quase caseiro, rodado ainda sob o optimismo dos Acordos de Oslo (vide cena em baixo). Suleiman, laico e antinacionalista, vai para além dos clichés. A Nazaré natal que ele nos mostra podia ser qualquer pequena cidade de qualquer país. Um humor fino e elegante. Pedi-lhe, após a exibição, para comentar a impressão que me tinha causado o seu humor, que considerei muito tatinesco. Ele disse que um dos técnicos que o acompanhou na rodagem, um francês, lhe perguntou se conhecia a obra do Jacques Tati, o que então não se verificava. Quando tomou contacto com ela, achou interessante comprovar como podia haver sensibilidades semelhantes em tempo e espaço tão diferentes. Muito interessante outra das suas declarações: «Não quero adorar a terra mais do que ela o deve ser...», afirmando-se descrente na identidade, um artificialismo (a palavra é minha) que só faz sentido naquilo a que Suleiman chamou « a familiaridade do espaço», ou seja: a terra natal.