letras, sons, imagens -- revolução & conservação -- ironia & sarcasmo -- humor mau e bom -- continua preguiçoso
29
Out 05
publicado por RAA, às 17:14link do post | comentar

publicado por RAA, às 17:10link do post | comentar
Ex.mo Snr.

Se vê que a minha carta não tem muito descuidos gramaticaes, pode publical-a. Não me lembro se ha lá coisa que moleste o proximo; se vê que ha trace. V. Ex.ª não deve ignorar que eu acato o proximo e só por descuido lhe tenho assacado aleives que me trazem assaz penitenciado.
Agradeço-lhe a estimação que dá ao futilissimo livro dos Brilhantes do Brazileiro. Parece-me que só tem uma duzia de paginas soffriveis, são as ultimas que me sahiram da alma com lagrimas. As outras são pura chalaça -- o espirito portuguez, unico a meu ver, que pode sahir das nossas officinas de caricaturista.
A nossa sociedade não dá para mais. Se tirarem a Portugal, o brazileiro e ao Jardim das Plantas, de Paris, os ursos, não ha ahi que ver. (Esta carta faça-me o favor de a não publicar. Isto entre nós é maledicência muito á puridade).
Dê-me as suas ordens.
De V. Ex.ª
adm.or affectivo e ob.do
Camillo Castello Branco
S. M. Seide, 17 de Abril 70.
In António Cabral, Homens e Episódios Inolvidáveis

12
Set 05
publicado por RAA, às 20:02link do post | comentar | ver comentários (3)
Civilizar-se, súbito, o coração, e o nascerem aspirações para o ideal da mulher, nem sequer sonhado antes, isto em homens que pareciam herdar a bruteza dos avós, é cousa de prodígio que os mais previstos explicam com a teoria do progresso universal. Contestam outros esta racional teoria, negando o progresso da matéria inerte, cuja vitalidade em certos indivíduos se manifesta somente na sobreposição das camadas adiposas. Eu de mim, espectador indeciso destes e quejandos fenómenos, faço o que fazia o padre tempo: admiro-me.
Doze Casamentos Felizes

publicado por RAA, às 19:59link do post | comentar | ver comentários (1)
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21
Ago 05
publicado por RAA, às 16:23link do post | comentar
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publicado por RAA, às 16:22link do post | comentar
A Capital! depois de Doze Casamentos Felizes, e ocorre-me: «Como seriam as vozes de Camilo e Eça? Como soariam?» Suponho a de Eça ligeiramente nasalada e aguda, como que a deixar-nos à-vontade -- tavez (passe o cliché naturalista) para melhor nos estudar. Quanto à de Camilo, sinto-a mais áspera e grave, a pôr-nos em guarda -- ela, que ao soltar-se já estaria de sobreaviso...

16
Ago 05
publicado por RAA, às 22:56link do post | comentar
O terror não chora.
Camilo Castelo Branco, A Filha do Regicida
Africanos a bordo dum negreiro, chegados a porto desconhecido. Índios num quotidiano de reserva, tentando juntar fragmentos estilhaçados duma ancestralidade perdida. Espectros silenciosos de judeus nos campos de extermínio nazis, aguardando a entrada de tropas Aliadas.

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