letras, sons, imagens -- revolução & conservação -- ironia & sarcasmo -- humor mau e bom -- continua preguiçoso
10
Jul 06
publicado por RAA, às 22:21link do post | comentar
Um interessante artigo de Antônio Paim, publicado no Público de hoje, reflectindo sobre os efeitos perversos do multiculturalismo, nomeadamente o da guetização das comunidades islâmicas nas sociedades ocidentais, veio recordar-me que a tolerância religiosa sendo uma conquista civilizacional conceptualmente adquirida, não deve ser considerada «um valor supremo».
Isto parece-me evidente, pois quando uma prática religiosa atenta contra a dignidade individual ou colectiva deverá ser combatida sem tréguas.
Neste particular, a famigerada burka (sem esquecer o tchador, apesar de tudo menos ignominioso), que cada vez mais se vê por aí, é ultrajante. Andar por algumas capitais europeias, torna-se um exercício penoso, porque sabemos que aquelas mulheres estão fortemente condicionadas -- apesar da tagarelice desavergonhada dos círculos islamitas.
Não há culturas de primeira nem de segunda, sabêmo-lo há muito -- mas há mais tempo que sabemos não haver géneros superiores. Por isso, afigura-se-me que uma das principais acções da cidadania europeia deve ser a de erradicar esta opressão bárbara cometida diante dos nossos olhos e com a nossa passividade. Não posso sentir-me livre se os meus concidadãos -- ou aqueles que não o sendo vivem à minha volta -- o não forem também. É uma premissa essencial. Daí que a erradicação deste ranço religioso -- que, aliás, começa a contagiar o discurso público de algum catolicismo -- seja um desígnio (um combate, apetece escrever) vital para a preservação de coisas tão importantes, como a própria paz social, sob pena de ficarmos, a prazo, reféns do extremismo -- religioso, mas também étnico; islâmico, mas também fascistóide --, com o cortejo da sua consabida bestialidade.

20
Jun 06
publicado por RAA, às 18:20link do post | comentar | ver comentários (4)
com o mundo, com a vida, com eles próprios -- são assim os extremistas, a coberto da máscara de fortaleza com que querem enganar(-se).

30
Mai 06
publicado por RAA, às 20:38link do post | comentar | ver comentários (2)
e de repente percebeu que tudo aquilo por que lutara havia deixado de ser importante para as pessoas perguntava-se até se alguma vez o fora chegava a ter a impressão de que se sorriam dele surdiu-lhe uma angústia enorme o peito doía-lhe e comprimia-se vivera em vão e isso estava para além do que podia suportar

25
Abr 06
publicado por RAA, às 02:07link do post | comentar | ver comentários (2)
Posted by Picasa

Salgueiro Maia
um homem grande
num país minúsculo

13
Abr 06
publicado por RAA, às 18:10link do post | comentar
No próximo dia 19 de Abril, quarta-feira, assinalam-se os 500 anos de um massacre de quatro mil judeus portugueses em Lisboa. Associo-me ao apelo da Rua da Judiaria: nesse dia, quem puder vá ao Rossio e acenda uma vela em memória de todos e cada um desses supliciados. Eu preguiçoso me confesso, não sei se lá estarei, mas farei por isso, em nome da decência e da memória. Um país sem memória não é um país decente.

24
Fev 06
publicado por RAA, às 22:32link do post | comentar
A propósito do desgraçado toxicodependente que ontem foi linchado no Porto, o Público de hoje titula a sua edição com a pergunta «Como foi possível?»
Interpreto o trágico episódio como uma persistência do Portugal profundo, do país brutal, oco e grunho, que não tolera a diferença. Em face de alguém que foge à norma, como era o caso da pessoa assassinada -- um travesti, ao que parece -- há no lumpen (em que se incluem os destroços familiares), não apenas compreensão e solidariedade, como uma caução socialmente legitimadora que permite e aplaude a agressão ao marginal, ao freak, ao cromo.
Mas não podemos, creio, resumir este tipo de comportamentos como exclusivamente orientados para os homossexuais. Há sempre o bêbado, o deficiente mental, o louco, o mendigo, alguém susceptível de ser alvo da fúria animal.

21
Fev 06
publicado por RAA, às 19:08link do post | comentar | ver comentários (2)
A propósito da condenação do pseudo-historiador inglês por um tribunal austríaco.
Dum lado, a má consciência da Áustria pelo seu passado nazi e, provavelmente, as autoridades a quererem mostrar serviço. Do outro, um mistificador que, como escreveu Vasco Pulido Valente n'O Espectro (http://o-espectro.blogspot.com/), deliberadamente manipulou e/ou omitiu as fontes documentais que consultou. Não estamos, por isso, diante da expressão de uma opinião, mas da deturpação de uma realidade histórica -- deturpação essa que tem feito o seu caminho, como se verifica por algum lixo que anda também pelos blogues.
O que de mais repelente tem para mim a aldrabice do negacionismo é que mexe com a dor de muita gente ainda viva que passou por aquele inferno ou o drama também sofrido pelos seus descendentes, igualmente vítimas. (Estou a lembrar-me dessa BD exemplar que é Maus, de Art Spiegelman).
Deve a vigarice ser punida? Deve. Poderá ser contraproducente? Talvez. A pena de prisão é excessiva? Não sei. É, porém, uma saborosa ironia sabê-lo encarcerado na Áustria. Melhor, só uma extradição para Israel...

13
Fev 06
publicado por RAA, às 23:34link do post | comentar
Anne Frank teria hoje 73 anos. Ela foi bem real, há amigos e conhecidos que ainda a recordam. O mesmo se passa com a memória de uma parte dos seis milhões de homens, mulheres, crianças, velhos. O seu assassínio a sangue frio -- tal como a execução em matadouro de ciganos, deficientes, homossexuais -- muitas vezes perpetrado com a frieza funcionária que apenas cumpre ordens, ficará como uma das evidências pouco abonatórias da nossa miserável condição humana.
Não quero com isto significar que o Holocausto não possa ser objecto de uma abordagem humorística e satírica. Um notável cartoon de António, há bastantes anos, sugeria que a vítima se tinha tornado em algoz, os judeus israelitas apareciam como carrascos dos palestinianos. É um grande cartoon, concordemos ou não.
Mas...
Nem pensar em comparar o incomparável. É obsceno e revelador da porcaria mental do fanatismo. As pessoas de carne e osso que foram trucidadas pelos nazis têm peso, existiram, somos contemporâneos da sua presença. Abstracções como pastores de camelos, ou filhos de carpinteiros, tocados pelo divino, ficções por mais respeitáveis que sejam as pessoas que nelas crêem, estão por mim relegados para o estatuto do irracional, da milagreirice, das aparições; são para ser discutidas nas igrejas, nas mesquitas, nas sinagogas e não na rua, onde o ar circula. Não me sinto, portanto, obrigado a ser equilibrado e isento no juízo de ambas as manifestações humorísticas. Não seria honesto, não seria decente.

26
Jan 06
publicado por RAA, às 22:54link do post | comentar
Os mais vis criminosos são os que não têm consciência do seu crime.

11
Jan 06
publicado por RAA, às 18:30link do post | comentar | ver comentários (5)
Hoje escavaquei uma gamba, no prato. Arranquei-lhe as patas, esfolei-a, parti-a aos bocados. Tal como um qualquer predador do NG, o barulho era muito semelhante ao que costuma ser captado pelos micros. Pelo menos, foi-o para mim. Senti-me uma espécie de suricate a comer percevejos de casca dura. Crunch. Com a diferença de o alimento já haver sido previamente morto e cozinhado para mim.

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