«Abrir Puertas y Ventanas», de Milagros Mumenthaler (Argentina, 2011). Três irmãs em Buenos Aires, um milagre de beleza e sensibilidade, superiormente dirigido. Primeira longa-metragem, ainda por cima. O melhor filme do ano, dos que pude ver, no L&EFF .
NO Festival de Cinema do Estoril #16: «Sedmoy Sputnik» («O Sétimo Companheiro [?])», de Alexei Guerman (URSS, 1968). O melhor filme que vi neste Festival. Perfeito, a economia do filme, a direcção de actores -- no argumento, até: história de proveito e exemplo no vórtice da Revolução Russa (ou de como um general do czar, um homem justo, acaba no pelotão de fuzilamento do Exército Branco sendo tratado por camarada pelo revolucionário que morre com ele). Um assombro.
No Festival de Cinema do Estoril #9: «O Polícia», de Nadav Lapid (Israel, 2011). Prémio Especial do Júri, Locarno 2011. Um grande filme, ou cenas da luta de classes em Israel. Um filme à margem da questão israelo-árabe. Cinema a sério, sem grandes meios nem pretensões excessivas que não o de pensar a sociedade. Por isso terá resultado tão bem.
Da «Homenagem» a William Friedkin assisti a dois filmes: «To Live and Die in L. A.» (EUA, 1985) e «Bug» (EUA, 2006). O desempenho de Ashley Judd foi das coisas mais memoráveis que guardarei deste L&F Film Festival.
«En Cas de Dépressurisation», de Sarah Moon Howe (Bélgica, 2009). Faltava este do Doc Europa III, que decorreu em Cascais, em Junho. Filme-cartaz da mostra, sem surpresa. Trata-se de um documentário radioso sobre uma mãe (a própria realizadora) e o filho deficiente nos primeiros anos. É notável como ela nos transmite as tensões por que passa, os períodos de desalento, de depressão (o uso da máscara) e também de esperança e felicidade. Sendo uma ex-stripper, tem uma oportunidade de retomar o trabalho e mostra-nos essa dupla faceta de mãe e artista de um meio adulto. Quem esteve no auditório do Museu Paula Rego na noite de 18 de Junho, teve o privilégio de ouvir e conversar de viva voz com Sarah Moon Howe, luminosa na sua condição de mãe que se desvenda, e saber como a câmara aqui teve também um efeito terapêutico -- o de um terceiro elemento entre mãe e filho entregues grande parte do dia a si próprios, à solidão da progenitora no desvelo com que envolve aquele filho. Brilhantíssimo.