letras, sons, imagens -- revolução & conservação -- ironia & sarcasmo -- humor mau e bom -- continua preguiçoso
16
Jul 12
publicado por RAA, às 00:25link do post | comentar

 

Na segunda quarta-feira de Setembro de mil novecentos e setenta e cinco comecei a trabalhar às nove e dez.

 

António Lobo Antunes, Auto dos Danados, 11.ª edição, Lisboa, Publicações Dom Quixote, 1987.


24
Nov 11
publicado por RAA, às 01:19link do post | comentar

     Deste lado do Atlântico, e do outro também: não apenas a pessoite, mas também a claricite. Normalmente pega-se na adolescência, dá-se bem em gente de poucas letras e caracteriza-se por um estado relativamente prolongado de parvoíce. Em pequenas doses, são benignas (eu, por exemplo, padeço de castrite, doença rara; há quem padeça de saramaguite, de antunite, de helderite); houve, em tempos, quem sofresse de camilite aguda, e até de queirosite, enfermidade que persiste e que já me atacou por mais de uma vez. Como a raiva e a pólio, são patologias debeladas ou sob controlo. A aquilinite foi sempre outra doença rara. Algumas, não tão sintomáticas quanto a pessoite ou a claricite, apresentam-se em estádio intermédio: a eugenite e a torguite, creio que enfrentam alguns antibióticos; a florbelite, após um período de refluxo relativamente prolongado, recrudesce.

     


04
Abr 11
publicado por RAA, às 23:55link do post | comentar
Relido Os Cus de Judas 28 anos depois (!) da primeira vez.  Esta, por exemplo: «A mulher dos amendoins, a que faltava o cotovelo esquerdo, montava a sua indústria de alcofas nos baixos da nossa varanda, e narrava à minha avó, em discursos verticais, de baixo para cima, as bebedeiras do marido, através de cuja violência explodiam capítulos de Máximo Gorki da Editorial Minerva.»* Quem se estreava a escrever desta maneira teria, forçosamente, de marcar a paisagem literária nas décadas seguintes.

António Lobo Antunes, Os Cus de Judas, 9.ª edição, Lisboa, Publicações Dom Quixote, 1993, p. 13.

13
Set 06
publicado por RAA, às 22:43link do post | comentar
FADO TRÁGICO

Que dia tão mais noite que esta noite
onde a lua de Outubro amanhecia
que dia tão mais noite que esta noite
que noite tão mais dia que este dia.

Que abraço como o traço de um açoite
marcado a sangrar na carne fria
que dia tão mais noite que esta noite
a raiva que de ti me despedia.

Ó meu amor que noite tão de noite
como a noite que em nós de noite havia
era de noite sim e foi de noite

que a lua em mim nascida em ti morria
que noite tão mais noite que esta noite
que dia tão mais dia que este dia.

Letrinhas de Cantigas

publicado por RAA, às 22:42link do post | comentar

23
Nov 05
publicado por RAA, às 22:19link do post | comentar | ver comentários (4)
1) Li apressadamente na livraria duas páginas do último de António Lobo Antunes, D'este viver neste papel aqui descripto -- as cartas enviadas a sua mulher. Soberbas. Não tenho dúvida de que se trata de um grande acontecimento cultural no sentido mais lato: a correspondência dum jovem alferes médico saudoso e apaixonado, atolado numa guerra tão estúpida que foi criminosa -- desde logo pela sua desnecessária estupidez. Um livro para a História. Tenho a certeza disso.
2) As cartas hoje publicadas pelo JL, de Fernando Assis Pacheco, Manuel Beça Múrias e Afonso Praça, mostram isso mesmo. Como há tanto material humano de primeira qualidade ainda a conhecer...
3) Miguel Real lança dois livros duma assentada: o ensaio O Marquês de Pombal e a Cultura Portuguesa e um romance, a suceder ao excelente Memórias de Branca Dias: A Voz da Terra. Diz ele em micro-entrevista: «O romance histórico não deve reproduzir ficcionalmente a História, mas iluminá-la, abrindo-a a outras interpretações.»
4) A ler: Andrade Corvo, Perigos (Fronteira do Caos); Frederico Lourenço, A Odisseia de Homero adaptada para jovens; Graciliano Ramos, S. Bernardo (Cotovia); Miguel Real, A Voz da Terra e O Marquês de Pombal e a Cultura Portuguesa (Quidnovi); Daniel Maia-Pinto Rodrigues, Malva 62 (Quasi); Pedro Rodrigues, António Victorino d'Almeida Conta 50 Anos de Música (Quimera); Urbano Tavares Rodrigues, O Mito de D. Juan e Outros Ensaios de Escreviver (Imprensa Nacional); Paul Teyssier, A Língua de Gil Vicente (Imprensa Nacional); Miguel de Unamuno, A Vida de D. Quixote e Sancho (Assírio & Alvim).
5) A ouvir: Bach, Cantatas Profanas pelo Collegium Vocale de Gent, dirigido por Philippe Herreweghe (Harmonia Mundi); Mafalda Arnauth, Diário (Universal); António Chainho e Marta Dias, Ao Vivo no CCB (Movieplay); Clã, Gordo Segredo ((EMI-VC).

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