letras, sons, imagens -- revolução & conservação -- ironia & sarcasmo -- humor mau e bom -- continua preguiçoso
28
Set 06
publicado por RAA, às 22:24link do post | comentar | ver comentários (6)
Hoje, no Público, José Pacheco Pereira pronuncia-se a favor da adesão da Turquia à União Europeia, com um argumento geo-político essencial: «A Turquia não é um pequeno país, é uma potência regional, com uma área de influência que se estende das repúblicas asiáticas à China. E, para além disso, entra para a UE um dos poucos exércitos credíveis existentes na Europa. [...] Para a estabilidade da Europa, precisamos da Turquia e da Turquia do nosso lado.»
A herança cultural turca é enorme, nomedamente nos Balcãs; os turcos (etnia proveniente das estepes asiáticas, como os húngaros e os finlandeses) são Europa e estão na Europa há séculos, fazendo tanto sentido a sua adesão como a dos romenos e búlgaros, agora à soleira da porta.
É duma Turquia laica que falo, duma Turquia integralmente respeitadora da liberdade dos seus cidadãos, incluindo da dos curdos, uma Turquia que respeita a integridade de Chipre, uma Turquia que reconheça o seu passado para o bem e para o mal, como o tem de fazer relativamente à Questão Arménia. É uma Turquia de cidadãos europeus, em Istambul, em Ancara, em Esmirna, cuja modernidade não perde em confronto com a de muitas regiões da União Europeia. É evidente que há problemas, há atavismos seculares, há primitivismo, como existe entre nós meia dúzia de quilómetros andados para lá de Lisboa ou do Porto.
Finalmente, durante séculos, o Império Otomano serviu de refúgio aos perseguidos religiosos, designadamente aos judeus, aos judeus portugueses, convém lembrar. Por isso, nestes tempos difíceis de fanatismo religioso, de terrorismo em nome da religião, há que estender a mão a um país de grande dimensão e dignidade que anseia (tal como nós ansiámos) por estar na Europa democrática, livre e laica a que pertence por direito.

05
Jul 06
publicado por RAA, às 23:34link do post | comentar

No indigente circo norte-coreano, o palhaço de hoje pode, amanhã, transformar-se em fera, se os espectadores se distraírem. O potencial domador, a China, remete-se agora para o papel que mais lhe convém, o de mestre-de-cerimónias. Há, a sul, um espinho encravado chamado Formosa e outro a norte, o Tibete, que bem podem ser uma tentação para Pequim deles se servir como moeda de troca: compreensão por parte da América & aliados no tratamento destes assuntos internos (que no caso do país do Dalai-Lama é uma mera ocupação ilegítima), em troca da domesticação de Kim Jong Il.
Porque, a meu ver, nada que Pyongyang faça em matéria de política externa se processa sem, pelo menos, a condescendência do seu mastodôntico vizinho setentrional.

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