Os meus versos, que nunca foram bons, soarão agora muito pior aos ouvidos de V. Excelência, bem acostumados àquelas doces Poesias, as melhores que no seu género enobreceram o nosso bom Século de Quinhentos; mas, como neste papel faço a figura de poeta e de pretendente, contento-me de que V. Excelência, já que não pode achar doçura nos meus versos, ache justiça no meu requerimento; e espero do seu benigno coração que o homem infeliz ache hoje aos pés de V. Excelência aquele acolhimento que não deve esperar o mau poeta.
Memorial oferecido a D. Diogo de Noronha, depois conde de Vila Verde - Obras Selectas de Nicolau Tolentino
(edição de Augusto C. Pires de Lima)