letras, sons, imagens -- revolução & conservação -- ironia & sarcasmo -- humor mau e bom -- continua preguiçoso
12
Jul 12
publicado por RAA, às 01:08link do post | comentar
Cresci com a revista Tintin e com ela envelheço.

28
Jun 12
publicado por RAA, às 00:41link do post | comentar
Lembro-me da greve de fome de Bobby Sands e dos outros militantes do IRA, da intransigência de Margaret Thatcher. Recuando no tempo, recordo-me, ainda criança de oito, nove, dez anos, de como me impressionavam as notícias dos telejornais sobre os atentados do Exército Republicano Irlandês. Belfast, para mim, tinha uma carga semelhante à que, muitas décadas mais tarde, teria Bagdade, que, obviamente, foi muito pior. Mas as crianças ampliam desmesuradamente a escala de tudo quanto vêem e ouvem.
Foram esses factos extraordinariamente impressivos que me vieram à cabeça, ao ver a histórica fotografia deste bacalhau trocado entre o antigo preso político e militante do IRA, Martin McGuinness, e a soberana Isabel II.
 

27
Mai 11
publicado por RAA, às 22:36link do post | comentar | ver comentários (2)
Emerson, Lake & Palmer, «Knife Edge». Os ELP nunca foram o meu prato do prog rock. O Keith Emerson é um histérico dos sintetizadores, não tem, por exemplo, a englishness do Tony Banks, talvez o principal responsável pelo som dos Genesis dos anos de ouro (1970-78); e torço também o nariz às citações eruditas, de Bach a Copland. Mas cresci com o prog, e há coisas piores de se ouvir.

03
Mai 11
publicado por RAA, às 22:56link do post | comentar
Dr. Feelgood, «Roxette». A voz do grande Lee Brilleaux (entretanto desaparecido), temperada a leite e álcool, e Wilko Johnson, cuja guitarra viria a ter sonoridade mais funk nos Blockheads do Ian Dury. Vi-os em Cascais, aí por mil nove e 79.

31
Jan 11
publicado por RAA, às 23:42link do post | comentar | ver comentários (4)
Disse o narrador dum esplêndido Cyro dos Anjos*: «Os amigos são tão raros que precisamos conservá-los a todo o custo. E quando não possamos ser amigos cem por cento, sejamos cinqüenta ou vinte. Quando encontro, em alguém, cinco por cento de afinidade, contento-me com esses cinco por cento.» Cyro andava pelos trinta anos quando isto escreveu, trinta anos já maduros, pois não há nada mais intolerante do que um jovem adulto, cheio de força e espaço próprio a conquistar. Quando a maturidade chega, tudo se estreita e relativiza: passamos a valorizar as afinidades, como se à procura duma adolescência perdida, idade de descoberta e comunhão.
*O Amanuense Belmiro, Lisboa, Livros Cotovia, 2005, p. 101.

16
Jun 06
publicado por RAA, às 22:35link do post | comentar


O episódio de ontem do interessantíssimo documentário sobre Álvaro Cunhal recordou-me o rosto humano de Alexandre Dubcek, um dos meus heróis da adolescência.

29
Dez 05
publicado por RAA, às 22:57link do post | comentar | ver comentários (5)



















Era porreiro ter na algibeira uma nota de 100 paus.

02
Set 05
publicado por RAA, às 21:04link do post | comentar
Posted by Picasa Estou a meio do livro. Leio o Jorge Amado desde a adolescência. Tenda dos Milagres, a deliciosa história de Pedro Archanjo, foi a obra que me introduziu no universo deste grande brasileiro. Hoje quase que lamento não ter a pureza dessa época em que me deixava envolver pela surpresa e pelo estupor que me instilava a crua realidade encerrada nos livros do autor de Jubiabá.
Seara Vermelha data de 1946, da fase comunista militante do seu autor. Dedicado a Luís Carlos Prestes, abre com epígrafes deste, de Castro Alves e de Engels. Trata-se de uma odisseia de retirantes -- desses retirantes imortalizados na tela por Portinari -- através da caatinga até São Paulo, terra de oportunidades. Algum desleixo formal que existe na prosa de Amado é largamente compensado pelo boa oficina romanesca; um estilo poético, podendo resvalar, por vezes, para algum empolgamento épico, é logo corrigido pelo realismo das personagens e das situações narradas e também pela gostosa ironia do romancista. Estou a acompanhar uma família alargada, expulsa pelo novo proprietário das terras em que vivia e trabalhava. Jerónimo e Jucundina são, até agora, os protagonistas principais, além dos filhos sobrantes, três netos de uma filha falecida no derradeiro parto (Tonho, Noca e Ernesto), os irmãos de Jerónimo, a louca Zefa e João Pedro, mais a mulher e a filha deste. Sofrem várias baixas durante a viagem, crianças e adultos. Noca faz uma ferida no pé ao correr atrás da sua gata, Marisca, que, contra a opinião dos adultos, insiste em levar na travessia do sertão, único brinquedo da criança de sete anos; contraindo uma infecção, morre pouco depois. E não será sem problemas de consciência, pelo menos de alguns dos seus membros, que a família virá a comer a gata para enganar a fome. Dina, mulher de João Pedro, morrerá de uma espécie de tifo, já a família exausta tem semanas de caminhada. As suas forças pouco mais dão que para um simulacro de exumação. Afastados poucos metros, percebem que os abutres ficaram para trás:
«Juntaram-se num bando irrequieto e barulhento, trocando bicadas entre si, sobre o cadáver. Adiante, Jerónimo que não os via no céu, a persegui-los, imaginava o que se estava passando. Também João Pedro sabia que eles estavam devorando o cadáver de sua mulher. Mas não tinha coragem de voltar, de perder mais tempo, como não tinha mais forças para sofrer nem lágrimas para chorar.» (5ª ed., p. 102).
A minha realidade é outra, já não tenho esses quinze anos em que ficava esmagado depois de ler Capitães da Areia, Mar Morto ou Terras do Sem Fim. A realidade é outra. Vejo no Público de hoje a fotografia dum miúdo iraquiano a chorar a perda de parentes naquela tragédia da ponte, desastre causado pelo medo dos atentados e pelo ajuntamento de peregrinos; vejo cadáveres, lixo e desespero em Nova Orleães, a cidade de Armstrong inimaginável no grau de destruição e caos. Já não me surpreendem estes dramas humanos, como quando era novo, mas ainda tenho, por vezes, de dobrar o jornal, ou afastar o livro, fechar os olhos e respirar fundo.
Alterado em 5-IX-2005.

18
Jul 05
publicado por RAA, às 00:28link do post | comentar | ver comentários (1)
Ao ouvir o quarto álbum dos Squeeze, East Side Story, datado do já distante ano de 1981, recordei o pop mais pop da new wave britânica. Os Squeeze tiveram na sua formação inicial o pianista Jools Holland, autor do meu programa preferido, o «Later with J. H.», da nunca por demais louvada B.B.C. Rock da melhor tradição beatle, muito cantarolável. Fez-me recordar uns versos da variante m de A Passagem das Horas, de Álvaro de Campos, extraídos da também nunca por demais exaltada edição crítica de Teresa Rita Lopes, o Livro de Versos: «Faz tocar a banda de bordo -- / Musicas alegres, banaes, humanas, como a vida --».

20
Jun 05
publicado por RAA, às 20:00link do post | comentar
Ruts, grupo da segunda vaga punk. Memória do álbum de estreia, The Crack (1979), e da voz insurgente de Malcolm Owen, acabado de morrer. Quem ouviu «Savage circle», compreende a beleza dos motins.

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